Avaliação da ação da glibenclamida sobre a reatividade vascular em artérias do cordão umbilical de gestantes com pré-eclâmpsia

Abstract

A pré-eclâmpsia é uma síndrome responsável por alta mortalidade e morbidade materna e fetal, sendo considerada um dos distúrbios mais significantes para a saúde em gestantes. Sua etiologia ainda não foi elucidada, no entanto, acredita-se que uma falha na invasão trofoblástica, má-formação das arteríolas espirais e subsequente hipóxia placentária resultem em estresse oxidativo e excesso de fatores antiangiogênicos, favorecendo a disfunção endotelial e quadro inflamatório. Um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da pré-eclâmpsia é a diabetes, e o uso de medicamentes hipoglicemiantes orais em mulheres grávidas vem ganhando espaço. A glibenclamida é um anti-hipergliceminante oral da segunda geração de sulfoniluréias que inibe canais de potássio sensíveis à adenosina trifosfato e, por conta do seu mecanismo de ação, pode apresentar repercussões importantes quando administrada para mulheres com pré-eclâmpsia, como influenciar no relaxamento vascular. Visando investigar sobre os efeitos vasculares da glibenclamida em vasos acometidos pela pré-eclâmpsia, artérias de cordões umbilicais de gestantes diagnosticadas com pré-eclâmpsia e gestantes normotensas serão submetidos a testes de reatividade vascular, na presença ou não de glibenclamida, e comparados. Após a realização do parto e obtenção do cordão umbilical, os tecidos adiposo e conectivo foram removidos da artéria umbilical e ela foi fragmentada em 4 anéis medindo 3-4 mm de comprimento. Os anéis foram suspensos em uma câmara de órgãos de 10 ml contendo solução de Krebs-Henseleit à 37ºC ± 0,5 °C e saturada com 95% O2 e 5% CO2. Após estabilização, foram feitos dois choques de KCL na concentração de 96 mM, curva de KCL (10-120 mM) e curva de serotonina (10-10 a 10-4 mol/L), tanto na presença quanto na ausência de glibenclamida. Foram estudadas 6 gestantes diagnosticadas com pré-eclâmpsia que realizaram parto cesáreo no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu e 5 gestantes saudáveis. Todas as pacientes envolvidas foram informadas e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O projeto foi aprovado pela Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu. As artérias umbilicais das pacientes com pré-eclâmpsia apresentaram uma sensibilidade reduzida ao cloreto de potássio e uma contração à serotonina aumentada. Já com o uso da glibenclamida houve um aumento na contração induzida pelo KCl nos vasos acometidos por pré-eclâmpsia. Em conclusão, foram evidenciadas diferenças nas respostas das artérias de pacientes saudáveis e pacientes com pré-eclâmpsia dependendo de qual agonista foi utilizado e a glibenclamida apresentou efeitos apenas nas artérias de pacientes com pré-eclâmpsia.

Preeclampsia is a syndrome responsible for high maternal and fetal mortality and morbidity, being considered one of the most significant disorders for the health of pregnant women. Its etiology has not yet been elucidated, however, it is believed that a failure in trophoblastic invasion, malformation of spiral arterioles and subsequent placental hypoxia result in oxidative stress and excess of antiangiogenic factors, favoring endothelial dysfunction and inflammation. One of the main risk factors for the development of preeclampsia is diabetes, and the use of oral hypoglycemic drugs in pregnant women is gaining space. Glibenclamide is an oral hypoglycemiant of the second generation of sulfonylureas which inhibits adenosine triphosphate-sensitive potassium channels and, due to its action, may have important repercussions when administered to women with preeclampsia, such as influencing vascular relaxation. In order to investigate the vascular effects of glibenclamide in vessels affected by pre-eclampsia, umbilical arteries of pregnant women diagnosed with pre-eclampsia and normotensive pregnant women will be submitted to vascular reactivity tests, in the presence or absence of glibenclamide, and compared. After obtaining the umbilical cord, the adipose and connective tissue were removed from the umbilical artery and it was fragmented into 4 rings measuring 3-4 mm in length. The rings were suspended in a 10 ml organ chamber containing Krebs-Henseleit solution at 37ºC ± 0.5 °C and saturated with 95% O2 and 5% CO2. After stabilization, two KCL shocks were performed at a concentration of 96 mM, KCL curve (10-120 mM) and serotonin curve (10-10 to 10-4 mol/L), both with and without glibenclamide. Six pregnant women diagnosed with pre-eclampsia who underwent cesarean delivery at Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu and 5 healthy pregnant women were studied. All patients involved were informed and signed the Informed Consent Form. The project was approved by the Research Ethics Committee of the Faculdade de Medicina de Botucatu. The umbilical arteries of patients with pre-eclampsia showed a reduced sensitivity to potassium chloride and an increased contraction to serotonin. With the use of glibenclamide, there was an increase in KCl-induced contractions in vessels affected by pre-eclampsia. In conclusion, there were differences in the responses of the arteries of healthy patients and patients with pre-eclampsia depending on which agonist was used and glibenclamide showed effects only in the arteries of patients with pre-eclampsia.