Competência digital de educadores da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental: estudo no Sistema Municipal de Ensino de Marília-SP

Abstract

A instituição escolar deve garantir a formação do aluno de forma integral, incluindo o desenvolvimento da competência digital, possibilitando sua atuação na sociedade digital de forma crítica e criativa, conforme também é postulado no documento oficial Base Nacional Comum Curricular. Faz-se necessário averiguar qual o domínio dos professores sobre o tema. A presente pesquisa tem como objetivo avaliar a competência digital dos educadores da Educação Básica nas etapas da Educação Infantil e Ensino Fundamental - Anos Iniciais do Sistema Municipal de Ensino de Marília/SP, utilizando-se a versão adaptada do instrumento DigCompEdu Check-In (LUCAS; MOREIRA, 2018) para o contexto brasileiro. O Instrumento foi distribuído por e-mail a todos os 1.414 professores da rede municipal de ensino, por meio da plataforma Limesurvey. Os resultados foram tabulados, organizados em tabelas e submetidos a tratamento estatístico. Houve um retorno de 1.348 questionários (95%), sendo que 94,5% (1274) eram do sexo feminino e 5,5% (74), do sexo masculino. A idade média dos participantes foi de, aproximadamente, 42 anos. Com base nos resultados, identificou-se uma heterogeneidade nos níveis de proficiência dos educadores participantes da pesquisa em relação à competência digital, visto que a pontuação obtida no conjunto de respostas foi bastante diversa. Contudo, observa-se maior incidência nos níveis intermediários, mais especificamente nos níveis Explorador e Integrador, indicando uma utilização básica das tecnologias digitais na prática docente, demonstrando lacunas referentes à compreensão sobre a funcionalidade e gerenciamento de estratégias vinculadas a finalidades pedagógicas. Evidenciaram-se pontos de fragilidades em relação à análise e seleção de informação; avaliação crítica vinculada à credibilidade e confiabilidade da informação; criação de conteúdo digital e uso criativo de tecnologias digitais para resolução de problemas. Ressalta-se que quase 50% dos educadores mencionaram não realizar práticas de ensino sobre proteção de dados relacionada à privacidade e segurança dos alunos e ao ensino do uso da tecnologia digital, de forma segura e responsável. Considera-se que é função social da escola promover aprendizagens essenciais, a fim de evitar situações de risco à integridade física e/ou emocional dos alunos. A pesquisa também constatou algumas barreiras contextuais: baixa qualidade de internet nas escolas, falta de acesso à internet pelos alunos em seus domicílios, pouco investimento de recursos digitais nas salas de aulas, entre outros. Destaca-se, ainda, que o instrumento utilizado na coleta de dados disponibiliza um feedback com recomendações para que o educador possa refletir e avançar em relação ao seu nível de competência digital. Diante destas constatações e da demanda da sociedade atual, conclui-se que é imprescindível o investimento do poder público em ações voltadas à formação dos educadores para que possam desenvolver sua competência digital em prol de empoderar os alunos a exercer a cidadania de forma autônoma, ética e inovadora perante os avanços da era digital, visando à promoção do ensino de qualidade.

The school must guarantee the formation of the student integrally, including the development of students; digital competence, enabling them to act in the digital society in a critical and creative way, as is also postulated in the official document Base Nacional Comum Curricular. It is necessary to verify the mastery of teachers on the subject. This research aims to evaluate the digital competence of Basic Education educators in the stages of Early Childhood Education and Elementary Education - Early Years of the Municipal Education System of Marília-SP, using the adapted version of the DigCompEdu Check-In instrument (LUCAS; MOREIRA, 2018) for the Brazilian context. The Instrument was distributed by e-mail to all 1414 teachers in the municipal school system, through the Limesurvey platform. Results are tabulated, organized in tables and subjected to statistical treatment. 1348 questionnaires (95%) were answered, with 94,5% (1274) being female and 5,5% (74) male. The mean age of the participants was approximately 42 years. Based on the results, it was identified that there was heterogeneity in the levels of proficiency of the educators participating in the research in relation to digital literacy since the score obtained in the set of responses was quite diverse. However, there is a greater incidence at intermediate levels, more specifically at the Explorer and Integrator levels, indicating that the participants are in an incipient stage, with the basic use of digital technologies in teaching practice, demonstrating gaps regarding the understanding of the functionality and management of strategies linked to pedagogical purposes. Weaknesses were highlighted in relation to the analysis and selection of information; critical evaluation linked to the credibility and reliability of the information; the creation of digital content and creative use of digital technologies to solve problems. Regarding the protection of data related to the privacy and security of students and the teaching of the use of digital technology in a safe and responsible way, almost 50% of educators mentioned not performing such teaching practices. In this sense, it is the social function of the school to promote learning that is essential to avoid situations of risk to the physical and/or emotional integrity of students. It is also noteworthy that the instrument provides feedback with recommendations so that the educator can reflect and advance in relation to their level of digital competence. The research also made it possible to verify contextual barriers: low quality of internet in schools, lack of internet access by students in their homes, little investment of digital resources in classrooms, among others. In view of these findings and the actual demands of society, it is concluded that investments by the public power are essential to enable equity, digital inclusion and actions aimed at training educators so that they can develop their digital competence in favor of empowering students to exercise their citizenship autonomously, ethically and innovatively in the face of advances in the digital age, to promote quality education.