Thesis
Nos corpos e nos territórios: impactos do agronegócio de soja e milho em Belterra-PA
Fecha
2022Registro en:
FIGUEIREDO, Annelyse Rosenthal. Nos corpos e nos territórios: impactos do agronegócio de soja e milho em Belterra-PA. 2022. 226 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2022.
Autor
Figueiredo, Annelyse Rosenthal
Institución
Resumen
O Brasil é, atualmente, o maior produtor de soja e está entre os maiores produtores de milho do planeta. Juntas, estas duas culturas ocuparam em 2021 cerca de 70% das terras cultivadas no país, mas esses itens não têm servido para produzir os alimentos da cesta básica da população brasileira e sim como commodities agrícolas. A forma como esta produção é realizada, tem impactado a vida de milhares de pessoas acarretando grandes injustiças, especialmente na região amazônica. Os custos ambientais, econômicos, sociais e sanitários têm sido negligenciados pelos agentes do agronegócio e pelos gestores públicos em benefício do lucro de poucos. Neste contexto, o objetivo desta pesquisa foi evidenciar os impactos decorrentes deste modelo de produção nas condições de vida e saúde de uma comunidade na Amazônia, o que é fundamental para tomadas de decisões mais conscientes. Para compreender esses impactos, levantou-se informações de fontes secundárias e primárias de Belterra-PA tendo como base os fundamentos da Pesquisa Participativa de Base Comunitária. Identificouse problemas ambientais, econômicos, sociais, culturais e sanitários associados ao monocultivo de grãos na região. A partir de uma visão ampliada da saúde e de uma abordagem epistemológica crítica, compreende-se que o agronegócio de soja e milho aprofunda desigualdades sociais, acentua injustiças socioambientais e intensifica os processos de vulnerabilização em Belterra-PA. Indícios da piora nas condições de vida e saúde da comunidade de Belterra-PA foram percebidos a partir da análise dos dados secundários através de indicadores de saúde, econômicos e agrícolas. No entanto, as informações disponibilizadas oficialmente não expressam a complexidade e a gravidade dos problemas decorrentes da expansão e atuação dos atores do agronegócio. Permitir a emergência das vozes aos sujeitos afetados possibilitou contextualizar e evidenciar parte dos reais impactos do modelo de desenvolvimento agrícola e econômico que se impõe na região amazônica como por exemplo as diversas formas de violência e sofrimento da população. Cabe ressaltar que os sujeitos afetados não são passivos e têm resistido e reagido individual e/ou coletivamente contra os processos de vulnerabilização. Fortalecer os movimentos de luta contra-hegemônicos é o caminho para uma mudança na realidade dos povos do campo, das águas e da floresta.