Tesis
Doenças e morbidade de escravos em Victoria, província do Espírito Santo (1849 - 1880)
Fecha
2019-04-25Registro en:
FELIPE, J. M. A., Doenças e morbidade de escravos em Victoria, província do Espírito Santo (1849 - 1880)
Autor
FELIPE, J. M. A.
Institución
Resumen
Investigam-se índices de adoecimento e incidências de mortalidade da população escrava vivendo em Vitória, capital da Província do Espírito Santo, durante o período de 1849 a 1880. Para adentrar-se nesse universo local, até então desconhecido, inicialmente foi necessário desenvolver-se um estudo introdutório sobre as múltiplas faces do cativeiro espírito-santense, começando-se pela narração de alguns vieses do cotidiano, permeando-se as condições de vida envolvendo o trabalho pesado, revoltas, punições, as fugas, prisões, o adoecimento nas cadeias, até o ato extremado do suicídio. Para tanto, fez-se levantamento de dados sobre tais particularidades, visando-se a elaboração de mapas estatísticos que permitissem conhecimento sobre cuidados dispensados para com a saúde escrava, tipologia das relações entre senhor e cativos, bem como permitir ter-se mais noção das causas que obrigavam cativos a cometerem suicídio em forma de ultimato. Com os resultados obtidos a partir desses primeiros elementos fatoriais, orientaram-se os estudos para se conhecer a incidência de doenças e os índices de mortalidade de escravos na Vitória da segunda metade do século XIX. Objetivava-se facilitar o levantamento de dados em torno de especificidades, tais como: a vida urbana escrava, sua mobilidade, tipos de trabalho, moradia, alimentação e higiene. Confrontando-se esses dados, pôde-se ter melhor percepção sobre as condições de vida relacionadas à saúde, aos tipos de enfermidades adquiridas e, quando fosse o caso, à morte. Os resultados finais apontam para índices elevados de morte escrava e para a grande mortalidade de crianças filhas de cativos na Vitória do período acima referido. Para o desenvolvimento desta pesquisa, utilizaram-se as seguintes fontes: livro de óbitos, relatórios e falas de presidentes, relatórios de provedores da saúde pública, jornais, memórias e livros produzidos no decurso do século XIX. O aporte teórico teve como embasamento os estudos recentes direcionados para o diálogo interfacial entre história e ciências da saúde. No âmbito da demografia histórica, elegeu-se a metodologia do sistema demográfico de populações escravas. Por meio deste estudo, objetiva-se contribuir para com a produção de pesquisas sobre história da saúde e da doença em geral; ensejar os estudos sobre escravidão e, sobretudo, motivar a pesquisa dirigida para a saúde, a doença e mortalidade de escravos no Espírito Santo dos períodos colonial e provincial.