Processos cognitivos e linguísticos envolvidos na compreensão da leitura

Abstract

Objetivo: Investigar a predição da compreensão de leitura pela memória e velocidade de processamento Método: Dados da avaliação de 66 estudantes do 5º ano do ensino fundamental foram coletados a partir de um estudo original. Eram informações sobre memória fonológica (dígitos na ordem direta e inversa), velocidade de processamento da linguagem (fluência verbal e nomeação automatizada rápida) e compreensão inferencial e literal da leitura de um texto expositivo. A acurácia na leitura de palavras isoladas (35 p.c.p.m.) foi critério de exclusão da amostra de dados. Foram testados modelos de regressão múltipla hierárquica tendo como variáveis de desfecho a compreensão literal ou inferencial. Modelos de mediação simples também foram testados para investigar se a capacidade da memória fonológica operacional pode predizer a compreensão da leitura mediada pela velocidade de processamento linguístico. Resultados: Os processos cognitivos de compreensão literal e inferencial mostraram-se diferentes. Juntas, as variáveis de estudo puderam explicar 28% da variância na compreensão inferencial da leitura. A variância do desempenho em compreensão inferencial foi explicada: em 16% pelo efeito direto e independente da repetição de dígitos na ordem direta e do tempo de nomeação automatizada rápida; 20% pelo efeito direto e independente da repetição de dígitos na ordem inversa e do tempo de nomeação automatizada rápida; 18% pelo efeito direto e independente da repetição de dígitos na ordem direta e da fluência verbal semântica; 20% pelo efeito direto e independente da repetição de dígitos na ordem inversa e da fluência verbal semântica. O efeito indireto da repetição de dígitos na ordem direta sobre a compreensão da leitura, mediado por fluência verbal semântica, explicou 10% da variância do desempenho na realização de inferências. O efeito indireto da repetição de dígitos na ordem inversa sobre a compreensão da leitura, mediado pela fluência verbal semântica, explicou em 14% a variância do desempenho na realização de inferências. Conclusão: Tanto a memória fonológica operacional quanto a velocidade de processamento da informação cognitivo-linguística puderam predizer a compreensão leitora inferencial de estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental, quando medidas por tarefas específicas: a memória fonológica operacional, medida pela repetição de dígitos na ordem direta e inversa, e a velocidade de processamento da informação cognitivo-linguística, medida pela fluência verbal semântica e pela nomeação automatizada rápida. A análise de mediação mostrou que, a nomeação automatizada rápida e a memória operacional (dígitos na ordem direta e inversa), juntas, mas de forma independente, puderam predizer a compreensão inferencial da leitura. Quando medida pela fluência verbal semântica, a velocidade de processamento linguístico mediou a predição da memória fonológica operacional (dígitos ordem direta e inversa) na compreensão inferencial da leitura.