Estudo da influência do desmatamento da Amazônia na temperatura e índice pluviométrico do estado de São Paulo

Abstract

Nas últimas décadas o mundo tem sentido os efeitos das mudanças climáticas, causados majoritariamente pela emissão de gases de efeito estufa. A relação entre a emissão de gases de efeito estufa e o aumento da temperatura média global é tema de diversos estudos e já foi amplamente evidenciada na literatura. O aumento na ordem de 1 a 2 graus na temperatura global já tem provocado eventos climáticos extremos com maior frequência, como tornados, furacões, secas e enchentes. Se nada for feito, a previsão é que a temperatura aumente cada vez mais rapidamente, impactando na saúde da população e nos ecossistemas. Agravando essa situação, no Brasil, o desmatamento na Amazônia acontece a um alto ritmo por várias razões, que dependem principalmente de ações antropogênicas, como a agricultura, pecuária e exploração madeireira ilegal. O desmatamento leva à perda de serviços ambientais, como a manutenção da biodiversidade, da ciclagem de água e dos estoques de carbono que evitam o agravamento do efeito estufa. Retroalimentações entre as mudanças climáticas e a floresta, por meio de processos como os incêndios florestais, a perda de árvores por seca e calor e a liberação de carbono no solo, representam ameaças ao clima, a floresta e a população. A partir do histórico de mapas de desmatamento da floresta amazônica disponibilizados pelo PRODES (Projeto de Estimativa ao Desflorestamento Bruto da Amazônia) e histórico de temperatura e índices pluviométricos no interior do estado de São Paulo, disponibilizado pelo INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), foram buscadas correlações estatísticas para entender como o desmatamento da região amazônica pode influenciar no clima do estado de São Paulo. Após análise dos dados obtidos comprovou-se que existe correlação estatística entre o desmatamento da Amazônia e as variáveis meteorológicas do estado de São Paulo, observando-se uma tendência de aumento das temperaturas médias e redução dos níveis de precipitação conforme a taxa acumulada de desmatamento aumenta.

In the past decades the world has felt the effects of climate changes, caused mainly by the emission of greenhouse gases. The relationship between the emission of greenhouse gases and the increase in global average temperature is the subject of several studies and has already been widely evidenced in the literature. The increase of 1 to 2 degrees in global temperature has already caused extreme weather events with more frequency, such as tornadoes, hurricanes, droughts, and floods. If this scenario remains, the temperature is expected to increase faster, impacting the health of the population and ecosystems. Compounding this situation, in Brazil, deforestation in the Amazon happens at a high rate for several reasons, which mainly depend on anthropogenic actions, such as agriculture, livestock, and illegal logging. Deforestation leads to the loss of environmental services, such as the maintenance of biodiversity, water cycling, and carbon stocks that prevent the worsening of the greenhouse effect. Processes such as forest fires, the loss of trees by drought and heat, and the release of carbon in the soil, represent threats to the climate, the forest, and the population. To understand how deforestation in Amazon region can influence the climate of the state of São Paulo, statistical analyzis were done by using historical maps of deforestation of Amazon forest available in PRODES (Project for Estimating the Gross Deforestation of the Amazon) website and the historical data of temperature and rainfall in the interior of the state of São Paulo, available in INMET (National Institute of Meteorology) website. After analyzing the data obtained, it was shown that there is a statistical correlation between deforestation in Amazon forest and the meteorological variables of the state of São Paulo, with a trend observed towards an increase in average temperatures and a reduction in precipitation levels as the accumulated rate of deforestation increases.