Tese de doutorado
A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua em crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - um estudo comportamental, neuropsicológico e clínico
Fecha
2022-02-23Registro en:
HALSMAN, Denise A.V. A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua em crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - um estudo comportamental, neuropsicológico e clínico. Tese de doutorado em ciências, UNIFESP, Guarulhos, 2022
Autor
Halsman, Denise [UNIFESP]
Institución
Resumen
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos mais prevalentes transtornos do neurodesenvolvimento. Caracteriza-se por sintomas cardinais de desatenção e/ou impulsividade/hiperatividade que podem comprometer a escolarização, a socialização com pares e é frequentemente associado a comorbidades psiquiátricas como o Transtorno Opositivo Desafiador (TOD), ansiedade, depressão, transtornos de aprendizagem da leitura, escrita e matemática. Além do tratamento medicamentoso e das técnicas de reabilitação cognitivo-comportamentais, novas modalidades de intervenção neurofisiológica têm sido estudadas para minimizar os efeitos das disfunções clínicas, neuropsicológicas (cognitivas e comportamentais) e emocionais associadas ao TDAH. Dentre elas, a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) pela indução de alterações de excitabilidade cortical vem sendo estudada enquanto uma forma complementar, segura e de baixo custo de estimulação cerebral, que se mostra promissora para auxiliar a modulação dos sintomas cardinais característicos do TDAH. O objetivo deste trabalho foi o de avaliar, através de ensaio clínico randomizado, controlado por placebo, duplo cego, longitudinal, os efeitos de 10 sessões de 20 minutos de ETCC anódica com tarefa pareada (leitura e jogos de construção) sobre o córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL) esquerdo, com eletrodo cátodo posicionado sobre o músculo deltoide direito, em 48 crianças com TDAH com idades entre 07 a 12 anos. A avaliação foi feita através de avaliações neuropsicológicas completas antes e após seis meses do término do tratamento, além de avaliações parciais dos sintomas nucleares do TDAH realizadas logo após as 10 sessões de ETCC, e após três meses de washout do tratamento (sem a ETCC, porém mantidas outras terapias e tratamentos). A análise estatística dos resultados foi realizada com o teste de Wilcoxon Pareado para a comparação entre os tempos para cada uma das variáveis de cada base. Para a comparação entre grupo ativo e placebo, realizou-se uma análise intragrupo e intergrupo das variáveis de interesse em cada uma das bases através do método GEE (Generalized Equations Estimating), considerado uma extensão de Modelos Lineares Generalizados. Para verificar a influência das múltiplas variáveis, utilizamos a regressão linear pelo método GEE com o método Backward. Encontramos diferenças (p< 0,5) entre os grupos sham e anódico na avaliação neuropsicológica pós-estimulação (imediata) apenas para a memória operacional áudio-verbal no grupo ativo, efeito que pode estar relacionado ao posicionamento do eletrodo cátodo. Após seis meses, observamos diferença (p< 0,5) com aumento dos escores para o QI, funções executivas, fluência verbal, habilidades de leitura e escrita, desempenho escolar e socialização, sugerindo efeitos metaplásticos (tardios) da ETCC associada a estimulação pareada. As crianças mais beneficiadas com a ETCC foram as mais novas (idade entre 7 e 9 anos), com TDAH de apresentação desatenta e que não estavam fazendo uso de medicação para o TDAH, aquelas com alto QI ( >110), e nos casos de TDAH com comorbidade com Transtorno de Oposição Desafiante (TOD). Os achados também apontam para a segurança da técnica em relação aos aspectos cognitivos para a população pediátrica.