Dissertação de mestrado
Sedação paliativa em oncologia sob a ótica de médicos e enfermeiros que atuam em cuidados paliativos
Fecha
2013-11-27Registro en:
SPINELI, Vivian Marina Calixto Damasceno. Sedação paliativa em oncologia sob a ótica de médicos e enfermeiros que atuam em cuidados paliativos. 2013. 194 f. Dissertação (Mestrado) - Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2013.
2013-0249.pdf
Autor
Spineli, Vivian Marina Calixto Damasceno [UNIFESP]
Institución
Resumen
INTRODUCTION. During the end of life process, some biological and psychological manifestations such as pain, dyspnea, nausea, vomiting, fatigue, agitation, mental confusion, anxiety, among others, become uncontrollable and difficult to manage. In this context, palliative sedation arises as a therapeutic resource for the control of these issues, seeking the reduction of suffering at the end of life. OBJECTIVE. To describe the opinion of physicians and nurses working in palliative care about the process of palliative sedation. METHOD. A descriptive, quantitative study, conducted with a snowball-type convenience sample, in the period of January to September of 2011. Thirty-two physicians and 29 nurses working in facilities that formally or informally adopted the practice of palliative care, and who agreed to participate in the study, responded to a questionnaire adapted from the instrument used by Moyano and colleagues. Data were analyzed using descriptive and inferential analysis, using the Pearson's chi-square (x2) or Fisher's exact tests of association, depending on the adherence to the normal curve, considering a level of significance of 5% (p<0.05%). RESULTS. Among the data regarding the sociodemographic aspects, characteristics of the professionals and the profile of patients attended by the participants of this study were: average age of respondents was 34.3 years; 77% were female; mean time of formation was nine years, the mean length of experience in palliative care was 5 years, and 60.7% of the professionals reported having some type of training in palliative care. Oncology was the predominant specialty, while only 3.3% of them reported being specialists in palliative care. The monthly mean of patients assisted by the study participants was 43.3 patients, and among these, 7.3 were referred for palliative sedation. Lung cancer was the type of cancer that more frequently affected the patients attended by professionals of this study. Symptoms indicating the priority for palliative sedation were: dyspnea, (cited by 98.4% of participants), delirium (70.5%) and pain (47.5%), and the type of sedation most commonly used by them was continuous (88.5%). Among the principle drugs used for sedation, the following were mentioned: midazolam (85.2% of professionals) and morphine (54.1%). Regarding the process of palliative sedation and the point of view of physicians and nurses about it, the data showed that for 65% of the respondents, the survival time of patients in the final phase was not a determining factor for the indication of palliative sedation. For 65.6% of these professionals, the patient, family and health care team should be involved in the decision-making process for the indication of sedation, but 42.6% of them considered the opinion of the family as the main barrier for indicating this therapeutic measure. For 90.2% of the professionals, palliative sedation was not a way to cover up or mask symptoms that affected patients and/or family. Dyspnea was the symptom that presented as statistically significant when related to the influence of survival time for the decision to indicate palliative sedation (p = 0.042). Another variable that had a statistically significant association was training in palliative care and the inclusion of family or staff and other professionals, when the patient had no ability to participate in the decision-making process for the indication of palliative sedation (p = 0.017). CONCLUSION. With the intent of controlling refractory symptoms and promoting comfort at end of life, it was observed that palliative sedation, even though it is being adopted therapy in palliative care, remained a challenging practice generating discussions, either on ethical and bioethical issues or for its technical and legal aspects. Introdução. Durante o processo de final de vida, algumas manifestações biológicas e psíquicas, tais como dor, dispneia, náusea, vômito, fadiga, agitação, confusão mental, ansiedade, entre outras, tornam-se incontroláveis e de difícil manejo. Nesse contexto, surge a sedação paliativa, como um recurso terapêutico que possui o intuito de controlá-la, buscando a diminuição do sofrimento nessa fase da vida. Objetivo. Descrever a opinião de médicos e enfermeiros que atuam em Cuidados Paliativos sobre o processo de sedação paliativa. MÉTODO. Estudo descritivo, quantitativo, realizado com amostra intencional tipo bola de neve (Snowball), entre janeiro e setembro de 2011. O público-alvo constituiu-se de 32 médicos e 29 enfermeiros que atuavam em serviços que adotavam formal ou informalmente a prática dos Cuidados Paliativos, e que aceitaram participar do estudo, respondendo a um questionário adaptado do instrumento utilizado por Moyano e colaboradores. Os dados foram analisados por meio de análises descritivas e inferenciais, utilizando os Testes de associação pelo Qui-quadrado (x2) de Pearson ou Teste Exato de Fisher, a depender da aderência à curva normal, considerando o nível de significância de 5% (p<0,05%). Resultados. Dentre os dados referentes aos aspectos sociodemográficos, as características dos profissionais e perfil dos pacientes assistidos pelos participantes deste estudo, destacaram-se a idade média dos respondentes que foi de 34,3 anos, 77% do gênero feminino; o tempo médio de formado era de 9 anos, a média de tempo de experiência em cuidados paliativos de 5 anos, e 60,7% dos profissionais referiram possuir algum tipo de treinamento em cuidados paliativos. A oncologia foi a especialidade predominante, mas somente 3,3% deles citaram ser especialistas em cuidados paliativos. A média mensal de pacientes assistidos pelos participantes da pesquisa foi de 43,3 pacientes e, dentre estes, 7,3 tiveram indicação de sedação paliativa. O câncer de pulmão foi o tipo de neoplasia que, em maior frequência, acometeu os pacientes assistidos pelos profissionais deste estudo. Os sintomas prioritários para indicação da sedação paliativa foram, a dispneia, (citada por 98,4% dos participantes), o delirium (70,5%) e a dor (47,5%) e o tipo de sedação mais comumente por eles utilizada foi a contínua (88,5%). Dentre as principais drogas empregadas para sedação, foram mencionadas: midazolan (85,2% dos profissionais) e a morfina (54,1%). Quanto ao processo de sedação paliativa e o ponto de vista de médicos e enfermeiros sobre o mesmo, os dados apontaram que, para 65% dos respondentes, o tempo de sobrevida do paciente em fase final não é um fator determinante para indicação da sedação paliativa. Para 65,6% desses profissionais, o paciente, o familiar e a equipe de saúde devem participar do processo de tomada de decisão para indicação da sedação, porém 42,6% deles consideraram que a opinião da família é a principal barreira para indicar essa medida terapêutica. Para 90,2% dos profissionais, a sedação paliativa não é uma forma de encobrir ou mascarar os sintomas que acometem pacientes e/ou familiares. A dispneia foi o sintoma que apresentou diferença estatisticamente significativa quando relacionado à influência do tempo de sobrevida para a decisão de indicar a sedação paliativa (p=0,042). Outra variável que teve associação estatisticamente significativa foi o treinamento em Cuidados Paliativos e a inclusão da família ou equipe e outros profissionais, quando o paciente não apresenta condições de participar do processo de tomada de decisão para indicação da sedação paliativa (p=0,017). Conclusão. Com intuito de controlar sintomas refratários e promover o conforto no final da vida, observou-se que a sedação paliativa, mesmo sendo uma terapêutica adotada nos Cuidados Paliativos é ainda uma prática desafiadora, geradora de discussões, quer por questões éticas e bioéticas ou ainda pelos aspectos técnicos e legais.