dc.description.abstract | Uma cisteina proteinase recombinante de Leishmania (Leishmania) chagasi, rLdccys1, mostrou ser um marcador util para as formas clinicas da leishmaniose visceral (LV) em humanos e caes, bem como uma potencial ferramenta para o diagnostico da LV humana e canina (Pinheiro et al, 2005;. Dias et al, 2005;. Pinheiro, 2009; Pinheiro et al, 2009). Alem disso, a imunizacao com a rLdccys1, bem como com o gene que codifica a cisteina proteinase Ldccys1 induziu respostas imunes protetoras significantes em modelo murino (Ferreira et al., 2008). Resultados preliminares revelaram tambem que a imunizacao com a rLdccys1 induziu proteccao significante em caes apos o desafio com a L. (L.) chagasi (Pinheiro, 2009). Esses resultados abriram a pespectiva de averiguar o potencial imunoterapeutico da rLdccys1 para a LV canina em uma regiao endemica da doenca no Brasil, Teresina, Piaui. Trinta caes, sem raca definida, naturalmente infectados com a L. (L.) chagasi e sintomaticos, foram divididos em tres grupos de dez animais cada um. O primeiro grupo recebeu tres doses da rLdccys1 juntamente com Propionibacterium acnes como adjuvante, o segundo recebeu tres doses de P. acnes e o terceiro grupo recebeu salina. Durante o tratamento e um mes apos a administracao da ultima dose da rLdccys1 foram avaliadas as respostas imunes humoral e celular de todos os animais. Os caes tratados com a rLdccys1 desenvolveram forte reacao de hipersensibilidade tardia contra o lisado dos amastigotas da L. (L.) chagasi, enquanto que nos controles essa resposta nao foi observada. Alem disso, altos titulos de IgG2 e baixos de IgG1anti-rLdccys1, seguidos de elevada producao de IFN-γ e baixa concentracao de IL-10 foram detectados no soro dos caes tratados com a rLdccys1, indicando respostas mediadas por linfocitos Th1 nesses animais. Por outro lado, os caes que receberam apenas a P. acnes ou salina exibiram baixos niveis sericos de IgG2 e IFN-γ e altas concentracoes de IgG1 e de IL-10. Na triagem, todos os animais selecionados apresentaram media semelhante de escores clinicos, enquanto que dois meses apos o final do tratamento os animais dos dois grupos controle apresentaram aumento significante dos sinais clinicos, indicando a progressao da doenca. Ao contrario, nao houve aumento dos sinais clinicos nos caes tratados com a rLdccys1, mostrando que eles foram capazes de controlar a evolucao da doenca. Foi tambem observada a correlacao negativa entre a producao de IFN-γ e a media dos escores clinicos, pois nos caes tratados com a rLdccys1 o aumento significante da producao de IFN-γ foi acompanhado de valores baixos dos escores clinicos, enquanto que nos controles a baixa producao de IFN-γ foi correlacionada com o aumento da media desses escores. Por outro lado, houve correlacao direta entre a producao de IL-10 e a media dos escores clinicos, observando-se o aumento significante da producao de IL-10 e das medias desses escores nos controles, enquanto que nos caes tratados com a rLdccys1 os baixos valores dos sinais clinicos foram acompanhados da baixa producao de IL-10. Os caes tratados com a rLdccys1 sobreviveram ate 12 meses apos o tratamento e apresentaram reducao de sete unidades logaritmicas da carga parasitaria comparada a dos controles que morreram entre 3 e 6 meses. Todos os caes do grupo sacrificado 3 meses apos o tratamento apresentaram carga parasitaria menor do que a dos animais nao sacrificados. No entanto, o grau de reducao da carga parasitaria dos caes tratados com a rLdccys1 nao foi significantemente diferente entre os animais sacrificados e os nao sacrificados. Esses resultados mostram o potencial da rLdccys1 como uma alternativa para a imunoterapia da LV canina e dao suporte para estudos adicionais visando aprimorar a eficacia desse antigeno recombinante no tratamento dessa parasitose. | |