Tese de doutorado
Estratégias de manejo de disfunção sexual induzida por antipsicóticos em pacientes do espectro da esquizofrenia
Fecha
2012Registro en:
São Paulo: [s.n.], 2012. 140 p.
epm-3081215462698.pdf
Autor
Nunes, Luciana Vargas Alves [UNIFESP]
Institución
Resumen
A disfuncao sexual e frequente em pacientes com esquizofrenia. E relatada como um dos efeitos adversos mais incomodos dos antipsicoticos, afetando a adesao ao tratamento. Objetivos: a) Revisar os principais estudos clinicos sobre estrategias de tratamento de disfuncao sexual /ou hiperprolactinemia induzidos por antipsicotico. b)Examinar a seguranca e eficacia do carbonato de lodenafila no tratamento de disfuncao eretil de pacientes masculinos ambulatoriais com esquizofrenia e espectro em um ensaio clinico duplo-cego, randomizado, controlado com placebo. Metodo: Revisao Sistematica: Realizou-se uma busca nas bases de dados Medline /PubMed, Cochrane, Lilacs, Embase, e PsycINFO e foram selecionados ensaios clinicos randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo e estudos clinicos abertos. Ensaio Clinico: O nosso estudo foi o primeiro a testar o uso de carbonato de lodenafila ou placebo como medicacao adjunta no tratamento da disfuncao eretil em um ensaio clinico crossover, duplo cego, controlado com pacientes ambulatoriais estaveis com esquizofrenia ou espectro. As medidas usadas para avaliar a disfuncao sexual foram: Escala de experiencia sexual do Arizona (ASEX) e Indice internacional de funcao eretil (IIFE). As escalas de sindromes positivas e negativas (PANSS) e de qualidade de vida (QLS) tambem foram usadas. As medidas incluiram os niveis sericos de prolactina, estradiol, hormonio luteinizante (LH), globulina ligadora de hormonio sexual (SHBG), testosterona total e livre no inicio e no final do tratamento. Lodenafila e placebo foram usados pelos pacientes por 16 semanas. Resultados: A estrategia de busca resultou em trinta e um artigos que foram selecionados: 26 estudos abertos nao controlados e 6 ensaios clinicos randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo. Os estudos randomizados, duplos cegos e controlados que foram conduzidos com medicacao adjunta que mostraram melhora da funcao sexual e/ou decrescimo dos niveis de prolactina foram os que incluiram as medicacoes sildenafil e aripiprazole. As medicacoes selegilina e cyproheptadine nao melhoraram a funcao sexual. A troca de antipsicotico por quetiapina foi demonstrada em dois estudos controlados e randomizados, sendo que em um estudo foi demonstrado melhora do desfecho primario e o outro nao mostrou esta melhora. Lodenafil e placebo produziram melhora nas escalas ASEX, IIFE, PANSS e QLS e nao houve nenhuma diferenca estatistica significativa entre os grupos lodenafil e placebo nas escalas que mediam sexualidade, assim como nos resultados da PANSS e QLS e nos resultados dos niveis sericos hormonais. Discussao: A revisao dos diversos estudos sugeriu que ha necessidade de mais estudos bem desenhados, randomizados e controlados para que haja evidencia cientifica adequada sobre os efeitos das diferentes estrategias para manejar a disfuncao sexual e/ou hiperprolactinemia resultante dos antipsicoticos. O uso da medicacao adjunta lodenafila para tratamento da disfuncao sexual em pacientes com esquizofrenia e espectro nao se mostrou mais efetiva do que o placebo. O efeito positivo do placebo no tratamento da disfuncao eretil em pacientes com esquizofrenia merece investigacao futura. Estes resultados tem importantes implicacoes no manejo das medicacoes para disfuncao sexual, pois disturbios sexuais sao complexos e podem surgir de multiplos fatores, incluindo estilo de vida, medicacoes concomitantes, comorbidades e o efeito da propria doenca. Conclusao: Lodenafila e placebo foram ambos efetivos no tratamento da disfuncao eretil de pacientes com esquizofrenia e espectro. O efeito placebo e muito importante em pacientes com esquizofrenia e este estudo mostrou a importancia de discutir sexualidade e tentar tratar estes pacientes