Dissertação de mestrado
Reabilitação das habilidades de comunicação em idosos deficientes auditivos com doença de alzheimer leve
Fecha
2015-02-25Registro en:
BEZERRA, Samira Teixeira. Reabilitação das habilidades de comunicação em idosos deficientes auditivos com doença de alzheimer leve. 2015. 110 f. Dissertação (Mestrado) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2015.
2015-0201.pdf
Autor
Bezerra, Samira Teixeira [UNIFESP]
Institución
Resumen
Introdução: A senescência provoca uma série de alterações por degeneração neural, fato que leva a um declínio funcional do idoso. Sabe-se que a perda auditiva em idosos interfere na comunicação, na qualidade de vida do paciente e de sua família, nas funções cognitivas e na interação social. A reabilitação, ou seja, a adaptação de próteses auditivas e orientações de estratégias facilitadoras de comunicação ao idoso com perda auditiva e à sua família, são de extrema importância. Até mesmo em indivíduos com algum déficit cognitivo considera-se a possibilidade de intervenção visando a melhora da comunicação. Objetivo. Verificar o desempenho cognitivo e auditivo de idosos deficientes auditivos com e sem doença de Alzheimer antes e após diferentes processos fonoaudiológicos terapêuticos. Método. A amostra foi constituída por 38 idosos com perda auditiva neurossensorial adquirida, simétrica, de grau leve a moderado. Os grupos foram constituídos por 19 idosos com provável doença de Alzheimer leve e 19 idosos saudáveis. Todos foram submetidos à avaliação audiológica e cognitiva, e posteriormente adaptados com próteses auditivas retroauriculares. Cada grupo foi dividido em quatro subgrupos que foram submetidos a modalidades de intervenção distintas: acompanhamento proposto pelo serviço de saúde auditiva; sessões de atividade neutra no laboratório de pesquisa, sessões de treinamento auditivo musical; sessões de treinamento auditivo musical e estimulação de percepção de fala concomitante. Após a intervenção, os idosos foram reavaliados por meio dos mesmos instrumentos aplicados na avaliação inicial. Resultados: Quanto à fluência verbal semântica houve diferença estatisticamente significante entre os grupos (p<0,001); a tarefa de fluência verbal com critério ortográfico a diferença entre os grupos (p=0,037), e a diferença dos dois períodos é dependente das intervenções (p=0,007). Na evocação da lista de palavras não houve mudanças estatisticamente significantes (p=0,148) independentemente das intervenções (p=0,101). No teste do relógio também foi observado ausência de valores estatisticamente significantes. No tarefa de span de dígitos- ordem direta foi observada diferença estatisticamente significante (p=0,008), nos dois momentos (pré e pós reabilitação), e na ordem inversa não foi encontrada diferença estatisticamente significante. No limiar de reconhecimento de sentenças no ruído em português foi encontrada diferença estatisticamente significante ao comparar os dois períodos (p=0,001) em todos os subgrupos (p=0,777). A relação sinalruído, ao comparar o desempenho dos grupos controle e estudo mostrou diferenças significantes. Quanto ao teste Gin houve diferença estatisticamente significante independentemente da intervenção (p=0,199) e do período (p=0,115). No DSI- tarefa de integração a orelha direita foi observada diferença estatisticamente significante (p=0,007), enquanto que a orelha esquerda não apresentou mudanças (p=0,421). Na tarefa de escuta direcionada à orelha direita houve diferença nos dois períodos (p=0,001) independente da intervenção p=0,160 e do subgrupo (p=0,303). Na escuta direcionada à orelha esquerda não houve diferença estatisticamente significante p=0,918, independentemente do período (p=0,871). No teste de padrão de frequência a diferença entre os períodos resultou (p= 0,002) independentemente da intervenção (p=0,540) e do subgrupo (p=0,335). Quanto à latência a diferença foi significante entre os períodos (p=0,001), independentemente da intervenção (p=0,300) e subgrupo (p=0,571). Quanto à amplitude não houve diferença significante entre os períodos (p=0,481), independentemente da intervenção (p=0,200) e do subgrupo (p=0,810). Idosos com doença de Alzheimer se beneficiam da adaptação de prótese auditiva, e as intervenções, principalmente o treinamento auditivo musical associado à estimulação de percepção de fala otimizaram o processo de aclimatização a prótese auditiva e melhora das habilidades auditivas e cognitivas. Discussão: A melhora do desempenho cognitivo auditivo da população com doença de Alzheimer pode ser decorrente da doença estar em processo inicial, o que permite que ainda hajam mecanismos eficazes de aprendizagem e fixação de conhecimentos mesmo que pontuais. A reabilitação visando estimular os processos ? bottom-up e top down- permite que idosos com doença de Alzheimer possam retomar suas atividades e trabalhar informações com mais facilidade, uma vez que o treinamento auditivo musical e de estimulação de percepção de fala solicitam constantemente os mecanismos mnemônicos, atencionais e executivos, os quais são os principais aspectos prejudicados. Quanto à avaliação eletrofisiológica, a melhora se justifica tanto pela intervenção que se mostrou eficaz, mas também ao uso de anticolinesterásicos que o grupo de estudo se submetia há anos, que por sua vez melhoram as respostas obtidas em idosos com doença de Alzheimer. Conclusão: A partir dos resultados obtidos, foi possível estabelecer que a intervenção fonoaudiológica por meio da estimulação acústica com o uso de próteses auditivas associada a distintas abordagens terapêuticas : Não promove melhora dos domínios cognitivos; Propicia melhora das habilidades auditivas avaliadas por meio de avaliação comportamental e eletrofisiológica da audição.