dc.description.abstract | Introdução: A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma enfermidade de prevalência e
morbimortalidade elevada, sendo uma síndrome clínica complexa. Dentre suas repercussões
sistêmicas, as manifestações respiratórias são proeminentes, sendo a dispneia uma das mais
observadas, refletindo-se em alterações na função pulmonar e impacto na qualidade de vida.
Objetivo: Avaliar a função pulmonar, a intensidade de dispneia, a qualidade de vida e os
fatores associados em indivíduos com insuficiência cardíaca, em classes funcionais I, II e III.
Metodologia: estudo transversal, realizado em ambulatório de referência para indivíduos com
IC em Salvador-BA. Incluídos 50 indivíduos, em classe funcional I, II e III. Os dados foram
analisados por meio de medidas de tendência central e de dispersão, as relações entre
variáveis testadas por correlação de Pearson ou Spearman e por regressão linear multivariada.
O teste de Kruskal-Wallis foi procedido para testar diferença entre grupos. Foram
considerados estatisticamente significantes valores com intervalo de confiança maior que 95%
(p ˂ 0,05). Resultados: Predominaram sexo masculino (52%), renda familiar de
aproximadamente dois salários mínimos, afrodescendentes; aposentados ou inativos, casados
ou em relação estável. A idade média foi de 57 anos (± 13,3), a média de estudo foi de 8 anos
(±14,6) e a média de acompanhamento ambulatorial, diagnóstico da IC e início da dispneia foi
de 4 anos. Prevaleceu IC de origem ventricular esquerda, classe funcional II, etiologia
chagásica, comorbidades como HAS, dislipidemia e diabetes mellitus tipo II. Os
medicamentos mais utilizados foram os diuréticos, betabloqueadores, IECAs e digitálicos.
Observou-se excesso de peso em 64% dos indivíduos. A avaliação da função pulmonar sugere
a presença de distúrbio respiratório restritivo, leve (%VEF1 = 68,3; %CVF = 67,8; VEF1/CVF
= 0,8). O escore total do Índice de Dispneia Basal de Mahler não indicou incapacidades
devido à sensação de dispneia. O escore total do MLHFQ não demonstrou redução
significativa na qualidade de vida da amostra. Não foi encontrada significância estatística para
a relação entre a função pulmonar e o escore de dispneia. Identificou-se que quanto piores os
resultados dos volumes pulmonares (%VEF1 e %CVF), pior a percepção de qualidade de vida
dos indivíduos. Não houve significância estatística para os parâmetros da função pulmonar,
qualidade de vida e intensidade de dispneia quando comparados pelas classes funcionais da
IC, mas os valores absolutos demonstraram que a percepção de qualidade de vida, o impacto
da dispneia e os percentuais de VEF1 e CVF foram piores entre os indivíduos na CF III.
Conclusão: a função pulmonar encontra-se reduzida nos indivíduos com IC, aproximando-se
de valores característicos de distúrbios restritivos. A caracterização socioeconômica e clínica
desses indivíduos é importante para uma melhor definição de seus prognósticos e no
planejamento de seus cuidados pela equipe de enfermagem e multidisciplinar. Recomenda-se
o monitoramento dos parâmetros de função pulmonar e dispneia nos indivíduos com IC, não
só como indicadores prognósticos, mas também como indicadores de qualidade de vida. | |