Trabalho de Conclusão de Curso
Papel da radioterapia como opção terapêutica à exenteração no carcinoma basocelular com invasão orbitária.
Fecha
2017-02-08Autor
Medeiros, Alleyrand Sergio Ramos
Institución
Resumen
Introdução: o carcinoma basocelular (CBC) é uma neoplasia cutânea maligna capaz de destruição
extensa de tecidos. Os locais comuns de acometimento são a cabeça, o pescoço e as pálpebras. A
modalidade ideal de tratamento para o CBC é a excisão cirúrgica da lesão com monitoramento
microscópico de suas margens, também conhecida como microcirurgia de Mohs. Outras modalidades
terapêuticas, como a radioterapia, são opções consideradas principalmente pela morbidade cirúrgica e
na impossibilidade de realizar a mesma. No entanto, existem dúvidas sobre o benefício da radioterapia
primária no tratamento de CBC. O objetivo desse trabalho foi avaliar o papel da radioterapia como opção
terapêutica à exenteração do CBC com invasão orbitária. Métodos: revisão sistemática da literatura nas
bases MEDLINE e integradas do BIREME e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), utilizando os termos
basal cell carcinoma, radiotherapy e orbit exenteration. Foram incluídos trabalhos sem limite de data,
com texto completo disponível através da rede CAPES e em idioma português ou inglês. Resultados:
Foram identificados 13 artigos no MEDLINE e 27 na BVS. Desses, foram selecionados nove artigos
para avaliação, sendo a maioria deles descrição de série de casos . Houve poucos dados sobre o uso de
radioterapia em pacientes com CBC com invasão de órbita e não há trabalhos bem desenhados
comparando essa técnica com exenteração. Entre as séries avaliadas o tamanho amostral foi outra
importante limitação para avaliação de qualquer possível benefício ou malefício da radioterapia. Apenas
um ensaio clínico randomizado comparando radioterapia com excisão cirúrgica em pacientes com CBC
em face sem tratamento prévio, encontrou uma maior taxa de falha terapêutica (recorrência da lesão e
evolução do tumor) nos pacientes tratados com radioterapia quando comparado com excisão cirúrgica.
A taxa de falha terapêutica em quatro anos foi de 0,7% para o grupo tratado com cirurgia (IC95% 0,1 -
3,9%) e 7,5% para os pacientes do grupo radioterapia (IC95% 4,2 - 13,1%). Em uma coorte retrospectiva
a dose total de radiação não esteve associada com recorrência de lesão após 10 anos de seguimento, mas
sim com deformidades oculares. Entre as séries que acompanharam os pacientes a taxa livre de lesão
nos pacientes tratados com radioterapia foi de cerca de 90% em cinco a dez anos de seguimento.
Conclusões: Os dados fornecidos pelas séries são insuficientes para concluir sobre recorrência da lesão
comparando radioterapia com exenteração. Os resultados fornecidos pelas séries utilizando radioterapia
em relação à recorrência da lesão sugerem uma taxa livre de tumor em torno de 90% em cinco anos de
seguimento, apesar de um ensaio clínico comparando cirurgia e radioterapia ter encontrado uma taxa de
recorrência maior no pacientes tratados com radioterapia. Novos ensaios clínicos randomizados são
necessários para avaliar o uso dessas duas terapêuticas em pacientes com CBC com invasão de órbita.