Dissertação
A atuação crítica da tradução em The Lizzie Bennet Diaries: deslocamentos de orgulho e preconceito para a contemporaneidade virtual
Fecha
2016-06-13Autor
Figueiredo, Manoela
Figueiredo, Manoela
Institución
Resumen
Esta dissertação parte do princípio de que a tradução consiste num processo de deslocamento criativo e crítico que recria e transforma textos anteriores. São tomados como objetos de estudo o romance Orgulho e Preconceito, escrito por Jane Austen, em 1813, e sua tradução intersemiótica, The Lizzie Bennet Diaries, web série veiculada no YouTube, entre 2012 e 2013. Produzida por Hank Green e Bernie Su, a obra recebeu, em 2013, o Emmy Awards de melhor mídia interativa, prêmio concedido pela primeira vez naquele mesmo ano. Em especial, são discutidos aspectos críticos da representação feminina em ambas as obras e o processo de desconstrução de valores e paradigmas tradicionais subvertidos pela tradução. Ressaltamos que o termo representação é aqui empregado sob a perspectiva pós-estruturalista, isto é, de uma construção não especular, mas discursiva, intimamente ligada a interesses políticos e ideológicos e, nesse aspecto, as reflexões de Tomás Tadeu da Silva (2007) foram valiosas na condução de nossos estudos. Na web série, elementos relacionados à condição feminina e aos papéis de gênero são abordados sob a perspectiva crítica e contemporânea, de modo que as conquistas amorosas das irmãs Bennet não são tão importantes quanto seu crescimento pessoal e profissional. Autoras como Elizabeth Kollmann (2003), Nancy Armstrong (1989) e Claudia Johnson (1990) fundamentam nossas reflexões sobre o contraste entre a vida das mulheres construídas por Austen e aquelas criadas pelo texto contemporâneo. No entanto, a enorme transformação proporcionada pela tradução não permite que ela escape das marcas da anterioridade e do texto de partida que nela sobrevivem. A reflexão sobre essa tensão entre permanências e transformações que se estabelece entre tradução e anterioridade foi guiada pelos estudos de Jacques Derrida (2006) e Cristina Carneiro Rodrigues (2000), além de Julio Plaza (2003), para quem a tradução atua como uma “reescritura da história”. Desse modo, acreditamos que a tradução intersemiótica em questão age como uma ponte, uma ligação entre dois momentos históricos, atuando criticamente tanto sobre a anterioridade quanto sobre seu próprio contexto de produção, posicionando-se ideologicamente a favor dos direitos e da independência das mulheres contemporâneas.