Trabalho de Conclusão de Curso
Manifestações oftalmológicas em pacientes com infecção pelo vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1 (HTLV – 1) Bahia, Brasil
Fecha
2015-05-04Autor
Nozela, Wendy Serra Oliveira
Institución
Resumen
MANIFESTAÇÕES OFTALMOLÓGICAS EM PACIENTES COM INFECÇÃO PELO
VÍRUS LINFOTRÓPICO DE CÉLULAS T HUMANAS TIPO 1 (HTLV-1) NA FAIXA
ETÁRIA INFANTO-JUVENIL, BAHIA, BRASIL. Introdução: a infecção pelo HTLV-1 é
endêmica no Brasil, sendo a cidade de Salvador, Bahia a que apresenta a maior prevalência no Brasil.
Entre as principais doenças associadas ao vírus, incluem-se a leucemia/linfoma de células T, a
dermatite infecciosa associada ao HTLV-1(DIH) e a paraparesia espástica tropical/mielopatia
associada ao HTLV-1 (HAM/TSP), as quais podem acometer portadores do vírus na faixa etária
infanto-juvenil. A infecção pelo HTLV-1 pode também acarretar alterações oftalmológicas, sendo as
mais frequentes a síndrome do olho seco, a uveíte associada ao HTLV-1 e a ceratite intersticial.
Objetivo: descrever as manifestações oftalmológicas em portadores desta infecção, com ou sem
doença, na faixa etária infanto-juvenil. Metodologia: trata-se de um estudo de série de casos
concorrente. Os indivíduos foram selecionados no ambulatório multidisciplinar de manifestações
infanto-juvenis do HTLV-1, do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgar Santos. A amostra
foi de conveniência. Foram incluídos os pacientes que compareceram ao ambulatório entre abril e
dezembro de 2013 e que se enquadravam nos critérios de inclusão. O estudo foi aprovado pelo comitê
de ética da Maternidade Climério de Oliveira e os indivíduos participantes assinaram termo de
consentimento livre e esclarecido. Resultados: estudaram-se 20 pacientes cuja idade média foi de 14,9
anos, sendo 80% do sexo feminino. Onze pacientes tinham DIH, quatro HAM/TSP e cinco eram
portadores assintomáticos. Os sintomas oftalmológicos mais frequentes foram lacrimejamento
excessivo (11/20) e hiperemia conjuntival (10/20). Três pacientes foram diagnosticados com síndrome
do olho seco e três com disfunção da glândula de Meibomio. Outras alterações observadas no dia do
exame foram blefarite em três pacientes, opacidade corneana em dois e ceratite em um e
ceratoconjuntivite flictenular em outro. Discussão: pacientes com DIH e HAM/TSP tem carga proviral
maior do que a de portadores assintomáticos e os estudos relatam maior prevalência de manifestações
oftalmológicas nos pacientes com carga proviral mais elevada. No nosso estudo 20 crianças foram
examinadas e das nove com doença oftalmológica apenas uma era assintomática. A maior limitação
do estudo foi o pequeno número de pacientes avaliados. A infecção pelo HTLV-1 ainda é negligenciada
no Brasil, dificultando o reconhecimento precoce dos portadores. Conclusão: outros estudos serão
necessários para estabelecer o perfil das manifestações oftalmolígicas associadas ao HTLV-1 na faixa
infanto-juvenil. Recomenda-se o acompanhamento precoce desses pacientes.