Trabalho de Conclusão de Curso
Avaliação do comprometimento hepático na exposição à micropartículas poluentes (MP): estudo da expressão RNA
Fecha
2014-07-04Autor
Carneiro, Alexandre Morais
Carneiro, Alexandre Morais
Institución
Resumen
A doença gordurosa não alcoólica do fígado (DGNA) é a doença hepática mais
comum no mundo ocidental. Trata-se de uma doença espectral, que pode evoluir de uma esteatose
hepática simples para esteato-hepatite não alcoólica, culminando em cirrose. Um dos fatores que
parece ser responsável pela progressão dessa doença é a elevação do estresse oxidativo hepático. O
estresse oxidativo eleva-se nas células do organismo em resposta a diversos fatores endógenos e
exógenos, incluindo a exposição à poluição ambiental. Com o crescente número de pessoas vivendo
em ambientes urbanos, onde a poluição ambiental atinge as maiores concentrações, cresce também o
interesse pelos efeitos dessa exposição nas doenças hepáticas, em especial a DGNA. Objetivos:
estudar em camundongos o efeito da inalação de micropartículas poluentes (MP) derivadas da
poluição ambiental, e determinar se essa exposição determina o aumento da expressão de genes
relacionados à inflamação e fibrose no fígado. Metodologia: estudo experimental no qual
camundongos C57BL/6 foram alimentados com dieta regular do biotério (grupo magro) ou
hipercalórica (grupo obeso) para indução de esteatose, e expostos à micropartículas poluentes
concentradas ou ao ar limpo. O comprometimento hepático foi determinado por meio da avaliação
bioquímica no sangue, pelo estudo anatomopatológico e pela análise da expressão de RNA para fator
de necrose tumoral alfa (TNFα) e colágeno 1A. Resultados: os camundongos alimentados com a
dieta hipercalórica ganharam mais peso (p<0,0001), desenvolveram resistência periférica à insulina
(p<0,0001), hipercolesterolemia (p<0,0001) e elevações de ALT (p<0,0001) e AST (p<0,005). A
exposição não influenciou o peso nem a glicemia dos grupos obeso e magro. Entretanto, não houve
diferença entre os níveis de ALT dos grupos obeso exposto e magro exposto, evidenciando possível
influência da exposição como responsável pela aproximação dos valores séricos dessa enzima. A
avaliação anatomopatológica qualitativa do fígado dos animais obesos revelou padrão semelhante ao
encontrado na doença humana. A exposição à MP não aumentou de forma significativa a expressão
de colágeno 1A e fator de necrose tumoral alfa, observando-se diferença apenas entre as expressões
de colágeno 1A dos grupo magro e obeso não expostos (p<0,005) Discussão: o modelo animal
6
utilizado nesse trabalho reproduziu, após 11 meses com a dieta hipercalórica, as características
clínicas e laboratoriais da DGNA humana, incluindo obesidade, resistência perférica à insulina,
dislipidemia e elevação de transaminases hepáticas. Além disso, a avaliação anatomopatológica
evidenciou as mesmas características da DGNA humana nos fígados do grupo obeso. A exposição à
MP não afetou o peso, a glicemia, e as transaminases hepáticas tanto nos obesos quanto nos magros.
No entanto, a exposição à MP parece exercer efeito lesivo nos hepatócitos, em vista da aproximação
dos níveis de ALT nos grupos magro e gordo após inalação das micropartículas. A exposição
também não foi determinante para aumentar a expressão dos genes avaliados. Por outro lado, a
quantificação da expressão dos genes nas amostra por meio da standard curve feita a partir de um
pool de amostras de RNA pode não ter sido precisa para diferenças mais sutis e iniciais. Conclusões:
a exposição às micropartículas não acelerou o curso da NAFLD nos camundogos, assim como não
aumentou significativamente a expressão dos genes de colágeno 1A e TNFα.