Dissertação
Participação do parceiro na gravidez não planejada segundo o olhar das mulheres
Fecha
2013-07-12Autor
Parcero, Sonia Maria de Jesus
Parcero, Sonia Maria de Jesus
Institución
Resumen
A assunção de responsabilidade pelo parceiro é fator decisivo na aceitação de uma gravidez
não planejada e sua participação é importante desde a escolha compartilhada de
contraceptivos à experiência da gravidez e ao seu desfecho. Valorizando a importância da corresponsabilidade
masculina na gravidez não planejada e a complexa rede multifacetada que
envolve a ocorrência de uma gravidez, foi realizada uma pesquisa que teve como objetivos
descrever o perfil sociodemográfico de parceiros de mulheres em situação de gravidez não
planejada; caracterizar a participação do parceiro quanto à responsabilidade pela contracepção
e descrever características do relacionamento entre o parceiro e sua companheira em situação
de gravidez não planejada. Trata-se de estudo, descritivo, exploratório, de abordagem
quantitativa, desenvolvido durante o período de março a dezembro de 2011. A pesquisa foi
realizada no Subúrbio Ferroviário de Salvador, e a população foi constituída por 191 mulheres
grávidas em qualquer fase do ciclo gestacional, que estiveram sob acompanhamento pré-natal
nas Unidades de Saúde da Família, no período de maio a setembro de 2010. O instrumento de
coleta dos dados foi um formulário de entrevista com perguntas estruturadas e semiestruturadas,
aplicadas às mulheres grávidas que aceitaram participar do estudo. Após a
digitação os dados foram exportados para o software estatístico STATA v.8. A análise foi
realizada mediante distribuição de frequências bi-variadas para as variáveis qualitativas e
medidas descritivas para as variáveis quantitativas (médias e desvio padrão). Para verificar
diferenças entre as proporções, utilizou-se o Teste Chi-quadrado de Pearson ou o Exato de
Fischer (quando necessário), adotou-se o nível de significância estatístico de 5% (p ≤ 0,05).
Os resultados do estudo revelaram parceiros em situação socioeconômica desfavorável ao
acesso a informações, e a reflexões mais amplas sobre a participação masculina no processo
reprodutivo, notadamente influenciado pela baixa escolaridade e pela baixa renda. A maioria
das mulheres informou não ter planejado a gravidez, 66,5%, sendo elas as principais
responsáveis por evitar a gravidez. Em relação a outras características do relacionamento, ser
casada ou ter união estável se apresentou como importante fator que contribui para a
ocorrência e para a aceitação da gravidez, tendo alta significância estatística. Quanto à reação
do parceiro, mais da metade das mulheres informou satisfação com a constatação da gravidez
porque a desejavam, enquanto outro grupo, embora não tenha inicialmente demonstrado
satisfação, a aceitou posteriormente. O mesmo se repete em relação aos familiares do
parceiro, chamando atenção para a falta de apoio por uma parcela de familiares. O estudo
também evidenciou que existe uma tendência para a aceitação da gravidez pelo parceiro, o
que se apresenta com menor frequência por sua família. Esta pesquisa oferece subsídios para
reflexão sobre as práticas de atenção em saúde nos programas de planejamento reprodutivo e
a participação efetiva do homem no processo gravídico-puerperal e indica que na ESF há
necessidade de se ampliar o estímulo à co-responsabilidade masculina no processo da
gravidez. Ressaltamos o papel da enfermeira no processo, tendo em vista ser a profissional
que está à frente das ações básicas de saúde na ESF.