Dissertação
Associação entre câncer de mama triplo-negativo e ancestralidade africana
Fecha
2010Autor
Corrêa, Paula Brito
Corrêa, Paula Brito
Institución
Resumen
Câncer de mama triplo-negativo é um termo recente e refere-se a tumores que, quando analisados por imunohistoquímica, não expressam receptores de estrógeno, progesterona e HER2. O fenótipo triplo negativo (TN) possui características
patológicas e clínicas bastante diferentes dos demais subtipos de câncer de mama,
apesar de apresentarem similaridades entre os cânceres do tipo basal e os que ocorrem
em pacientes com mutações no gene BRCA1. Além dessas características, estes tumores
afetam mais freqüentemente mulheres com menos de 50 anos, possuem comportamento
mais agressivo, apresentam resposta pobre aos protocolos de tratamento existentes e são
mais prevalentes entre as Afro-Americanas (AA). O resultado desta observação tem
levado a questões sobre a natureza das diferenças “raciais”, geográficas ou étnicas em relação à prevalência da doença ou traços relacionados à doença. As razões dessa
associação entre o fenótipo triplo negativo e a ancestralidade africana ainda não estão
claras, por isso torna-se necessário conhece-las de modo a oferecer uma melhor
prevenção e terapia a estas pacientes.O objetivo desse estudo foi analisar
a ancestralidade e as características clínicas e histopatológicas de uma amostra de
pacientes de alto risco para câncer de mama e ovário hereditário do Serviço de
Oncogenética da Universidade Federal da Bahia (UFBA). METODOLOGIA: Foram
analisados 119 prontuários de pacientes encaminhados ao Ambulatório de
Oncogenética, destes apenas 75 fizeram estudos moleculares para marcadores
informativos de ancestralidade (AIMs). RESULTADOS: Apenas 10% dos pacientes
que entraram nos critérios de inclusão apresentaram o carcinoma TN. Fenotipicamente,
a afrodescendência em pacientes TN foi maior (62.5%, P< 0.05). Já na análise
genômica, de acordo com a estimativa de mistura populacional feita através dos AIMs,
a maior contribuição ancestral para as pacientes TN foi a africana (50%), seguida da
européia (40%) e por último a ameríndia (8%). Quando se comparou a mistura
populacional dos grupos de receptores TN e R+ (receptores hormonais e HER2
positivos) não houve diferenças estatisticamente significante (P=0.218). Embora o
número de pacientes avaliados deva ser considerado. CONCLUSÃO: Ao contrário do
que foi visto na literatura, até o momento a associação do fenótipo triplo-negativo com a
ancestralidade africana não foi evidenciada com o uso de marcadores moleculares
biparentais (AIMs), provavelmente devido ao baixo número amostral da população
estudada. Por isso, mais pesquisas são necessárias para identificar as diferenças
existentes na sobrevida entre pacientes caucasianas e afrodescendentes com câncer de
mama.