Tese
A contracultura e a política que o Ylê Aiyê inaugura: relações de poder na contemporanei
Fecha
2010Autor
Almeida Junior, Armando Ferreira de
Almeida Junior, Armando Ferreira de
Institución
Resumen
Esta tese busca estudar a relação entre o anti-racismo que surge com a criação do bloco afro Ilê Aiyê e o contexto político cultural do Ocidente na época. Costuma-se localizar a origem de muitos movimentos sociais contemporâneos no final dos anos 60. Naqueles anos, no Ocidente mais urbanizado e mais midiaticamente conectado, a cultura invade a política, levando para esse território questões de gênero, sexo, de liberdades individuais, ambientais e de raça, entre outras. Questões que não se resovem sem uma atitude que vá alem da luta de classes e das questões econômicas. Na primeira metade dos anos 70, assiste-se na Bahia, com o surgimento do Ilê Aiyê, ao nascimento de uma ação anti-racista marcada por identidades construídas com base em princípios e valores postos em evidência a partir da contracultura e inspirados, sobretudo, pela noção norte-americana do black is beautiful e do Black Power, embalados pelo soul music e dentro do espírito libertário daqueles anos. Os jovens que levaram o Ilê para a rua - em plena época da ditadura militar brasileira - ressignificaram a negritude contemporânea em Salvador e seu Recôncavo, e atigiram uma base central do recismo: desmontaram, como nunca, o conceito eurocêntrico de beleza. Este foi o grande diferencial do Ilê Aiyê no compo da política. A nova estética, proposta por ele, atinge frontalmente os fundamentos do racismo institucionalizado, atributo culturalmente construído e também internalizado pelo negromestiço. Sua eficácia está no foco: o Ilê atua sobre o campo da negociação simbólica, onde os valores são sedimentados e onde se determina o lugar que ocupamos no mundo. Para entender-se melhor esta questão, alem dos estudos multidisciplinares que o assunto exige, buscou-se reconstruir um pouco da trama sociocultural e do contexto em que se enredavam os atores do processo antes deles colocarem, literalmente, o bloco na rua.