dc.description.abstract | Este trabalho tem como foco as músicas e performances das entidades espirituais femininas da jurema, assim como, as relações de gênero e poder presentes no universo religioso deste culto praticado no Ilê Axé Oyá Meguê de nação Xambá (Olinda , PE) e casas de jurema lideradas por filhas-de-santo deste terreiro: as juremeiras. A jurema é um culto afro-indígena que tem na bebida sagrada de nome homônimo e na fumaça “xamânica” o que o povo-de-santo chama de “ciência” que cura os males do corpo e da alma. Este culto é muito praticado na região Nordeste do Brasil, e no contexto urbano está fortemente presente nos terreiros de xangô, de culto aos orixás. Na esfera humana, a maioria das casas de jurema ligadas ao terreiro de nação Xambá é liderada por mulheres. Na esfera divina, a jurema possui entidades femininas como as caboclas, as pretas-velhas, as ciganas, as mestras e as pombagiras. Cada uma destas entidades possui diferentes repertórios musicais e performances que serão analisadas aqui. Por fim, pretendo discutir a música do culto da jurema “no feminino” em duas perspectivas: como narrativa do divino e como narrativa do humano, mostrando como representações e agências divinas se entrelaçam com o humano compondo práticas cotidianas. Estas por vezes reafirmam binarismos de gênero, por vezes subvertem a ordem de gênero, sendo importante considerar gênero, raça/etnicidade, sexualidade, geração e classe como categorias analíticas relevantes para construir uma teoria musical na etnomusicologia sob uma perspectiva feminista. | |