Dissertação
Às margens da nação: subalternidade e biopolítica no documentário brasileiro contemporâneo
Fecha
2013-03-21Autor
Santos Júnior, Francisco Alves do
Santos Júnior, Francisco Alves do
Institución
Resumen
Esse trabalho tem como objetivo analisar a representação dos moradores de favelas e
periferias no documentário brasileiro contemporâneo. Para tal, escolhemos como corpus
de análise os filmes realizados entre os anos de 1999 e 2009 e que foram exibidos nos
cinemas, levando-se em consideração que o documentário é um jogo que apresenta as
disputas por visibilidade e as tentativas de lutas pelo acesso à esfera pública e à
democracia. Os documentários Babilônia 2000 (2000), de Eduardo Coutinho, O Rap do
Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas (2000), de Paulo Caldas e Marcelo Luna, A
pessoa é para o que nasce (2003), de Roberto Berliner, Fala Tu (2004), de Guilherme
Coelho, Sou feia mas tô na moda (2005), de Denise Garcia, e Estamira (2005), de
Marcos Prado, são exemplares nesse sentido. Neles, os personagens filmados produzem
ranhuras, gagueiras e subjetivações, resistindo assim à vigliância, à exclusão social e
biopolítica e ao controle a que são submetidos cotidianamente. Os sujeitos em posições
de subalternidade e moradores das zonas de fraturas sociais fabulam e recriam suas
vidas e suas experiências culturais, uma vez que as práticas políticas e os processos de
subjetivação criam devires e desejos de cidadania e visibilidade. O que há de comum
nesses documentários escolhidos para análise é o fato de os sujeitos representados
usarem a precariedade de suas existências como força política, criando frestas na
hegemonia e novos campos de agenciamento de consumo e produção cultural,
biopolítica, e, por que não, econômica.