dc.description.abstract | Esta dissertação versa sobre a atribuição e tratamento da iluminação como efetiva
colaboradora na construção e configuração da cena da dança e, como meio de
ilustração do conceito, apresentamos a análise de uma obra de dança, selecionada
como fonte de discussão. Este entendimento da relação luz-dança contraria a visão
da mesma como elemento cênico, termo constantemente encontrado em livros da
área teatral para denominar a iluminação e outras informações cênicas que servem
de suporte ao trabalho artístico “propriamente dito”. Defendemos a concepção de
que, além de proporcionar visibilidade – sombra, a escolha de equipamentos,
quantidade, posições e demais possibilidades de manipulação (ou não) – a
iluminação, co-implicada com as demais informações e propostas da cena, pode
conferir, sobretudo, sentidos estruturais, conceituais e estéticos à obra. Para isto,
apresentamos o entendimento da cena da dança como sistema aberto, a partir da
Teoria Geral dos Sistemas, adotado por Ludwig Bertalanffy, Jorge Vieira e Adriana
Machado. Servimo-nos, ainda, do cruzamento de referências sobre iluminação e
espaço cênico através das obras de Jean-Jacques Roubine, Gaston Bachelard e
Jean Rosenthal. E, para ressaltar a dinâmica deste sistema, expomos, também, a
noção de ambiente proposta por Zygmunt Bauman e Johannes Birringer; e a
concepção de processos co-evolutivos tratada por Fabiana Britto. Como resultado, e
enquanto sistema, a cena da dança apresenta a iluminação numa dinâmica de coautoria
quando se criam estratégias colaborativas entre as diferentes informações
que compõem a cena e entre os profissionais envolvidos numa concepção coletiva,
onde a co/elaboração da luz normalmente está integrada na obra em seus
processos de construção e de configuração. | |