dc.description.abstract | Ao longo da história, aqueles considerados insanos foram submetidos a situações de confinamento, seja com o argumento biomédico do “isolar para curar”, seja simplesmente para retirá-los das ruas. A nova política de saúde mental, embasada nos preceitos da reforma psiquiátrica, no entanto, defende o fim das internações psiquiátricas e o atendimento em serviços substitutivos com ênfase no trabalho territorial. Paralelo a isso, teóricos de áreas afins têm discutido sobre a potencialidade do espaço urbano enquanto locus privilegiado de processos de subjetivação e construção de redes sociais. Diante dessa realidade, esse trabalho teve como objetivo estudar as relações produzidas entre sujeitos em sofrimento psíquico (corpo subjetivo) e a cidade (corpo urbano), a partir das experiências dos próprios sujeitos experimentadores desse espaço. Como metodologia, utilizamos a combinação entre etnografia e cartografia, que partem de pressupostos semelhantes, entre eles a ideia de que o pesquisador deve estar imerso na cultura que pretende conhecer, não negando e sim enfatizando a importância da relação entre o sujeito que pesquisa e o sujeito pesquisado. Acompanhamos, durante seis meses, quatro usuários de serviços de saúde mental, moradores do Distrito Sanitário da Liberdade (DSL). Nesse período, eles nos apresentaram seus territórios existenciais, formados pelos espaços habitados e relações sociais neles construídas. A partir de intensos e potentes encontros com essas pessoas e seus territórios, tecemos alguns fios de reflexão acerca da relação corpo urbano-corpo subjetivo, permeada pelos processos de subjetivação próprios a cada um desses sujeitos e seus modos de vida. | |