dc.description.abstract | A compreensão de participação política vem sendo pressionada tanto por discussões teóricas, que defendem o desenvolvimento da democracia pelo aprofundamento da participação, quanto por deficiências crescentes dos poderes públicos no atendimento das necessidades sociais. Em decorrência, práticas participativas inovadoras, que desafiam os conceitos estabelecidos, têm estado cada vez mais presentes na atuação de organizações da sociedade civil. Com a chegada da internet e, com ela, a potencialização do acesso à informação e comunicação, seu emprego em processos democráticos tem sido pesquisado sob diversos aspectos. No entanto, poucos estudos investigam como, de fato, as organizações utilizam os recursos digitais para a participação política. Por outro lado, embora essas tecnologias forneçam um ferramental propício ao incremento da participação política, há outros fatores que condicionam o fenômeno, como as competências para atuar e interagir no ciberespaço. Embora autores de correntes diversas concordem que atuar no ciberespaço exija novas competências, a discussão ainda é periférica nas pesquisas que as mencionam: não esclarecem quais seriam, seus níveis de qualidade e a relação destes com diferentes graus de uso da internet na vida cotidiana. A partir desse contexto, esta tese é norteada por três objetivos: 1) Conhecer as formas de participação política praticadas por organizações da sociedade civil de Salvador-Bahia; 2) Levantar qual papel a internet desempenha nessa atuação política; 3) Verificar quais competências em ambientes digitais estão sendo demandadas, empregadas e/ou promovidas por essas organizações. Os procedimentos metodológicos envolveram levantamento bibliográfico sobre os temas que permeiam o trabalho, entrevistas com gestores de 44 organizações da sociedade civil em Salvador e observação direta das competências em nove delas. Os principais resultados apontam que: (a) dentre as principais formas de participação política encontram-se aquelas alinhadas com os conceitos da chamada democracia deliberativa; (b) há mudanças nas formas de participação política das organizações, principalmente no sentido do incremento e variedade com que se manifestam; (c) os principais usos da internet estão relacionados à manutenção de contato constante com os pares e também à busca de informação; (d) a internet propiciou a renovação de algumas formas de participação política e a emergência de novas; (e) as competências podem ser organizadas em termos de competências operacionais, competências em informação e competências em comunicação, sendo identificadas no conjunto por competências infocomunicacionais; (f) entre as organizações pesquisadas, as competências infocomunicacionais encontram-se irregularmente distribuídas, sendo a competência em comunicação a menos desenvolvida. Conclui-se que as competências infocomunicacionais tendem a atuar em convergência com as competências políticas, ou seja, aqueles que possuem a motivação e os conhecimentos necessários para participar e também dominam as competências para aproveitar as oportunidades em ambientes digitais têm sua ação potencializada. | |