Artigo de Periódico
Está desaparecendo a glomerulopatia da esquistossomose mansônica?
Autor
Correia, Emmanuel Isaias de Souza
Martinelli, Reinaldo P.
Rocha, Heonir
Correia, Emmanuel Isaias de Souza
Martinelli, Reinaldo P.
Rocha, Heonir
Institución
Resumen
As formas severas de esquistossomose mansônica, particularmente a hépatoesplênica,
se acompanham de glomerulopatia geralmente manifesta por síndrome
nefrótica. Nos últimos 10 anos reduziu-se muito o número de casos observados desta
glomerulopatia no Hospital Universitário Prof. Edgard Santos, um hospital geral num
estado onde esta parasitose é endêmica. O objetivo deste estudo foi verificar se estava
havendo, de fato, desaparecimento desta patologia ou se este número decrescente
refletia apenas diminuição marcante de casos graves de esquistossomose mansônica
acompanhados neste Hospital. Para isso foram comparadas as prevalências de
glomerulopatia em hepatosplênicos esquistossomóticos autopsiados no Hospital
Universitário Prof. Edgard Santos em duas décadas: de 1960-70, antes da intervenção
terapêutica nas áreas endêmicas de esquistossomose com oxamniquine, e de 1980-
1990, após a adoção desta intervenção. Houve grande redução no número de doentes
com hepatosplenomegalia esquistossomótica autopsiados no Hospital Universitário Prof.
Edgard Santos quando comparadas a década antes (140 autópsias) e depois (31
autópsias) do tratamento com oxamniquine. A prevalência de glomerulopatia,
entretanto, persistiu a mesma (11,4% comparada com 12,9%, respectivamente). A
conclusão é que a redução do achado de glomerulopatia esquistossomótica em nossos
dias reflete apenas a redução das formas graves da parasitose após a intervenção
terapêutica nas áreas endêmicas.