Tesis
Clarice Lispector e Julia Kristeva: dois discursos sobre o corpo
Fecha
2008Autor
Moreira, Maria Eunice
Resumen
Propomos o exame das representações dos corpos de personagens nos romances de Clarice Lispector e de Julia Kristeva. Escolhemos três textos de Clarice Lispector – Perto do coração selvagem, A paixão segundo G. H. e Água viva – para sustentar o argumento do desaparecimento corporal que se esboça a partir da redução dos nomes próprios das protagonistas: Joana, G. H. e a personagem- narradora sem referência nominal. Esse processo de redução parece habitar a composição romanesca de Kristeva, já que a autora escreve romances policiais como exercício de trabalhar a violência sobre um corpo destinado ao apagamento produzido pelo crime. O velho e os lobos (1991) e Possessões (1996) participam de um segundo discurso sobre o corpo que repercute sobre o pensamento teórico de Kristeva, sobretudo quando a autora desenvolve a relação do sujeito falante diante da técnica. O fio condutor de nossa análise sobre os destinos do corpo será a técnica, de acordo com as idéias de Kristeva expostas em Sentido e contra-senso da revolta (1996) e A revolta íntima (1997). No questionamento se é (ou não) pertinente falar sobre esse movimento em direção à perda do corpo, proporemos o exame da reação das escritoras de acordo com as alternativas possíveis. Trata-se de responder se Lispector e Kristeva são capazes de recriar o conceito-corpo para além da esfera intimista ou se elas praticam uma escrita ligada exclusivamente a interesses pessoais, sem produzir interferências efetivas no destino do pensamento ocidental. Nous nous proposons l’examen des représentations du corps des personnages dans les romans de Clarice Lispector et de Julia Kristeva. Nous avons choisi trois textes de Lispector – Perto do coração selvagem, A paixão segundo G. H. et Água Viva – pour soutenir l’argument de la disparition des corps qui s’ébauche à partir de la réduction des noms propres des protagonistes: Joana, G. H. et le personnage-narrateur sans référence nominale. Ce processus de réduction apparaît également dans la composition romanesque de Kristeva, puisqu’elle écrit des romans policiers comme exercice de la violence sur un corps destiné à l’effacement produit par le crime. Le vieil homme et les loups (1991) et Possessions (1996) participent à un second discours sur le corps qui renvoie à la pensée théorique de Kristeva, surtout lorsqu’elle développe la relation du sujet parlant avec la technique. Le fil conducteur de notre analyse sur le destin des corps sera le concept de la technique selon les idées de Kristeva exposées dans Sens et non-sens de la révolte (1966) et La révolte intime (1997). En nous demandant s’il est (ou non) pertinent de parler de ce mouvement vers la perte du corps, notre propos est celui d’examiner la réaction des écrivains selon les choix possibles. Il s’agit donc de répondre si Lispector et Kristeva sont capables de recréer le concept-corps au-delà de la sphère intimiste ou si elles pratiquent l’écriture exclusivement attachées aux intérêts personnels, sans produire des interférences effectives sur l’avenir de la pensée occidentale. fre