doctoralThesis
Práticas educativas de profissionais da saúde e da educação básica no contexto das infecções de transmissão sexual com ênfase na sífilis e na instrumentalização didática
Registro en:
BEZERRA, Maria Lusia de Morais Belo. Práticas educativas de profissionais da saúde e da educação básica no contexto das infecções de transmissão sexual com ênfase na sífilis e na instrumentalização didática. 2019. Tese (Doutorado em Inovação Terapêutica) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2019.
Autor
BEZERRA, Maria Lusia de Morais Belo
Institución
Resumen
O propósito do presente estudo foi analisar as práticas educativas de profissionais da saúde e professores da educação básica no âmbito das infecções sexualmente transmissíveis (IST), com destaque para a sífilis e a instrumentalização didática dos educadores. Trata-se de uma pesquisa com abordagens quantitativa (ecológica) e qualitativa (pesquisa-ação). Para investigar o cenário da sífilis foram utilizados dados agregados de indicadores básicos da infecção materna e congênita por macrorregiões brasileiras de seis anos, 2010-2015, reportados pela vigilância de saúde. As percepções de 124 profissionais (58 da atenção básica à saúde e 66 professores) de um município de Alagoas, Nordeste do Brasil, foram obtidas através de um questionário semiestruturado. Foram elaborados dois kits: um de modelos didáticos tridimensionais e outro de dinâmica com foco na sífilis. O contexto da prática educativa com foco na sífilis foi aprofundado utilizando a técnica de grupo focal durante a socialização das estratégias, as quais foram avaliadas por treze profissionais da saúde, usando a mesma técnica. A ANOVA e a correlação de Pearson foram os testes estatísticos usados para análise das taxas de sífilis, conduzidas no Stata 14.0 e no GraphPad Prism 5.0. As variáveis do questionário foram tratadas com estatística descritiva, enquanto, que os dados textuais submetidos à análise temática do conteúdo. Os corpus textuais foram organizados e processados com o auxílio do software IRaMuTeq. As taxas de incidência da sífilis materna e congênita no Brasil foram elevadas e ascendentes no intervalo estudado, bem como, mortalidade, aborto e natimorto por sífilis congênita, principalmente nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. A sífilis, na percepção dos profissionais investigados, foi considerada a segunda IST de maior gravidade. A maioria dos profissionais da saúde (63,8%) e da educação (59,0%) apresentou uma percepção positiva da saúde, porém na prática educativa em saúde observou-se a coexistência dos modelos tradicional e dialógico, com maior destaque para o primeiro. Com relação às IST, 58,6% dos profissionais da saúde e 87,9% dos professores afirmaram realizar o trabalho educativo, mas entre os desafios estão os relacionados à formação profissional, à carência de material didático, sobretudo na Unidade Básica de Saúde (UBS) e a baixa integração entre serviço de saúde e escola. No contexto da sífilis, além da escassez de material para apoio educativo, foram evidenciados entraves relacionados à prevenção e tratamento principalmente em grupos de idosos, gestantes e parceiros sexuais. Os kits de modelos didáticos e da dinâmica sobre sífilis se mostraram adequados e com potencial para inserção em atividades educativas na UBS e na escola. Os processos de construção coletiva e de avaliação dos materiais educativos, além de instrumentalizar os profissionais, possibilitaram o exercício do diálogo e reflexão crítica sobre a sífilis, bem como, o seu aprimoramento profissional. The purpose of the present study was to analyze the educational practices of health professionals and basic education teachers in a context of sexually transmitted infections (STI), with emphasis on syphilis and didactic teachers instrumentalization This study comprised both quantitative (ecological) and qualitative (action-research) approaches. To investigate the syphilis scenario, aggregated data on of basic maternal and congenital infection indicators were used concerning six-year Brazilian macro-regions, from 2010 to 2015, reported by the Brazilian health surveillance. The perceptions of 124 professionals (58 basic health care professionals and 66 teachers) from a city in Alagoas, Northeastern Brazil, were obtained through a semi-structured questionnaire. Two kits were elaborated, the first consisting in three-dimensional didactic models and the other comprising a dynamic activity focusing on syphilis. The context of the educational practice focused on syphilis was deepened using the focal group technique during strategy socialization, evaluated by thirteen health professionals using the same technique. An ANOVA test and Pearson's correlation were used for syphilis rate analyses, using the Stata 14.0 and GraphPad Prism 5.0 programs. The questionnaire variables were assessed by descriptive statistics, whereas the textual data was submitted to a thematic content analysis. The textual corpus was organized and processed using the IRaMuTeq software. Maternal and congenital syphilis incidence rates in Brazil were observed as being high and on the rise during the study period, as were mortality, abortion and stillbirth rates due to congenital syphilis, mainly in the Northeast, Southeast and South regions. In the perception of the investigated professionals, syphilis, was considered the second most severe STI. Most health (63.8%) and education (59.0%) professionals displayed a positive health perception, although the traditional and dialogical models coexist in educational health practices, with the former being the most noteworthy. With regard to STIs, 58.6% of the health professionals and 87.9% of the teachers stated that they carry out educational work, but challenges include aspects related to vocational training, lack of teaching material, especially in the Basic Health Unit (BHU), and low integration between local health services and schools. Concerning syphilis, in addition to a shortage of material for educational support, barriers related to prevention and treatment were evidenced mainly in groups consisting of elderly individuals, pregnant women and sexual partners. The didactic model kits and dynamic syphilis activity were adequate and display the potential for inclusion in educational activities at BHU and in schools. The collective construction and educational material evaluation processes, in addition to leading to professional instrumentalization, enabled a dialogue exercise and critical reflection regarding syphilis, as well as professional improvement.