masterThesis
Análise da interação paciente-ventilador na distribuição regional da ventilação pulmonar em modos ventilatórios convencionais no pós-operatório cardíaco adulto
Autor
LEITE, Wagner Souza
Institución
Resumen
O manejo de ventilação mecânica no intra e pós-operatório cardíaco visa estratégias para reduzir desfechos negativos ao paciente, como as assincronias paciente-ventilador. Estudos sobre assincronias nesta população são escassos. O presente estudo visou avaliar a incidência de assincronias, e a associação do índice de assincronia (AI) ≥ 10%, reconhecida como nível crítico, com: modo controlado a volume (VCV, volume-controlled ventilation) e modo controlado à pressão (PCV, pressure-controlled ventilation) e nas fases: assisto-controlada (A/C) e pressão de suporte inicial e final (PSV, pressure support ventilation); e comparar variáveis ventilatórias, gasométricas e de distribuição regional da ventilação entre ciclos sincrônicos e ciclos com assincronias de duplo disparo e de ciclagem precoce nos modos ventilatórios convencionais em pacientes adultos no pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca. Trata-se de um ensaio clínico paralelo com 17 adultos intubados, randomizados em VCV (n=9) e PCV (n=8). A avaliação de parâmetros clínicos e a monitorização pulmonar pela tomografia de impedância elétrica ocorreram em três fases ventilatórias: A/C, PSV inicial (PSV1) na fase de transição do modo A/C para PSV e PSV final (PSV2), equivalente ao período de teste de autonomia ventilatória. Foram analisados para o primeiro objetivo: a incidência de assincronia estimada em percentual da presença de assincronia, o AI calculado pela razão do número de ciclos com assincronia pelo número total de ciclos e o odds ratio da associação de AI ≥ 10% com os modos e fases ventilatórias. Para o segundo objetivo foram analisados: desfechos clínicos expressos por variáveis ventilatórias e gasométricas (volume corrente - Vte, frequência respiratória - FR, equilíbrio ácido-básico e índice de oxigenação PaO₂/FiO₂) e a variação de impedância elétrica pulmonar global (ΔZglobal) e regional (ΔZventral e ΔZdorsal) entre os ciclos sincrônicos e com assincronias de duplo disparo e ciclagem precoce entre as fases ventilatórias. Foram observados que 82% dos pacientes apresentaram assincronias em algum momento, com média de 7% de seus ciclos com assincronias. VCV foi modo de maior chance de AI ≥ 10% entre fases ventilatórias A/C e PSV1 (OR 2,79; 1,36-5,73; p= 0,005), entre A/C e PSV2 (OR 2,61; 1,27-5,37; p= 0,009) e entre PSV1 e PSV2 (4,99; 2,37-10,37; p< 0,001). Contudo, deve-se ter cautela, pois o tempo inspiratório não analisado neste estudo pode ter influenciado o resultado. Quantos aos desfechos clínicos, apenas PaCO₂ apresentou diferença estatística, sendo maior na ciclagem precoce em comparação a ciclos sincrônicos (p=0,027), contudo sem implicação clínica. A ΔZglobal durante ciclos com duplo disparo (58,70±15,56) apresentaram maior variação comparado a ciclos sem assincronias (25,88±6,72; p= 0,003) e com ciclagem precoce (33,83±12,18; p= 0,0025). Nenhuma diferença foi observada entre os modos por tipo de ciclos: sem assincronia (p= 0,95), ciclagem precoce (p= 0,57) e duplo disparo (p= 0,13). Concluimos que a incidência de assincronias em pacientes pós-operatório cardíaco com ventilação mecânica de curto prazo é alta, com provável associação do modo VCV às maiores chances de índice de assincronia igual ou maior que 10%. A assincronia de duplo disparo apresenta maior variação de impedância pulmonar global, porém parece não afetar os desfechos clínicos avaliados neste estudo. CAPES Mechanical ventilation (MV) management during the cardiac post- and intraoperative periods aims to minimize negative outcomes to patients, such as patient-ventilator asynchrony. Studies on asynchronies in this population are scarce. This present study aimed to evaluate the incidence of asynchrony and the association of asynchrony index (AI) ≥ 10%, recognized as critical level, with: volume-controlled mode ventilation (VCV) and pressure-controlled mode ventilation (PCV) and in the following phases: assisted-controlled (A/C) and initial and final pressures of support (PSV); and to compare ventilatory, blood gases and regional distribution of ventilation variables between synchronous cycles and cycles with double-triggering asynchrony and early cycling in conventional ventilatory modes in adult patients in the immediate postoperative period of cardiac surgery. This is a parallel clinical trial study with 17 intubated adults, randomized into VCV (n= 9) and PCV (n= 8). The evaluation of clinical parameters and lung monitoring by electrical impedance tomography occurred in three ventilation phases: A/C, initial PSV (PSV1) labelled as the transition phase from A/C mode to PSV and final PSV (PSV2), equivalent to a ventilatory autonomy test. The analyses for the first main objective were: the incidence of asynchrony estimated by the percentage of the presence of asynchrony in the evaluated patients, AI calculated by the ratio of the number of cycles with asynchrony by the total number of cycles and the odds ratio of the association of AI ≥ 10 % with ventilation modes and phases. The analyses for the second objective were: clinical outcomes expressed by ventilation and blood gas variables (Tidal Volume - Vte, respiratory rate – RR, acid base balance and oxygenation index by PaO2/FiO2) and global (ΔZglobal) and regional (ΔZventral and ΔZdorsal) variation of lung electrical impedance between synchronous cycles and with double triggering asynchrony and early cycling by ventilation phases. It was observed that 82% of the patients presented asynchrony at some time with an average of 7% of their cycles with asychrony, during the period evaluated. VCV was a mode of greater chance for AI ≥ 10% between A/C and PSV1 ventilation phases (OR 2.79, 1.36-5.73, p = 0.005), between A/C and PSV2 (OR 2.61, 1.27-5.37, p = 0.009) and between PSV1 and PSV2 (4.99, 2.37-10.37, p <0.001). However, this result should be analyzed with caution, since the inspiratory time was not analyzed in this study, which may have influenced the result. As for clinical outcomes, only PaCO2 presented statistical difference, being higher in early cycling compared to synchronous cycles (p = 0.027), however its magnitude had not clinical implication. ΔZglobal during cycles with double triggering (58.70 ± 15.56) presented higher variation compared to synchronous cycles (25.88 ± 6.72, P = 0.003) and to cycles with early cycling (33.83 ± 12.18, P = 0.0025). No difference was observed between the modes (VCV x PCV x PSV) by type of cycles: synchronous (P = 0.95), early cycling (P = 0.57) and double triggering (P = 0.13). We conclude that the incidence of asynchrony in cardiac postoperative patients in short-term mechanical ventilation is high, with a probable association of VCV mode with the highest odds of asynchrony index equal to or higher than 10%. The double-triggering asynchrony presents greater variation of global pulmonary impedance, but does not seem to affect the clinical outcomes evaluated in this study.