doctoralThesis
Sobrecarga de sódio durante a gestação induz alterações funcionais e estruturais em artérias de prole adulta : papel da Angiotesina II
Autor
ALVES, Juliana Santos da Rocha
Institución
Resumen
ALVES, Juliana Santos da Rocha, também é conhecido(a) em citações bibliográficas por: SANTOS-ROCHA, Juliana Durante a vida intrauterina, o feto está suscetível a mudanças do ambiente uterino que podem acarretar alterações fenotípicas na vida adulta. Se essas alterações ocorrerem durante o período crítico de desenvolvimento fetal podem alterar a estrutura e função de órgãos e tecidos com consequências precoces e tardias. A sobrecarga de sódio perinatal é um dos fatores capazes de promover estas alterações. A prole de mães alimentadas com dieta rica em sódio apresenta alterações cardíacas, renais e metabólicas, tornando-os propensos ao surgimento de doenças cardiovasculares e metabólicas na vida adulta. Porém, ainda não existem dados sobre o impacto desta sobrecarga de sódio sobre o sistema vascular da prole. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar o efeito da sobrecarga de sódio materna sobre a função (mecanismos de contração e relaxamento) e a estrutura (remodelamento e propriedades mecânicas) vasculares da prole e o envolvimento da angiotensina II. Para isso, ratas ´´Wistar´´ foram alimentadas com dieta hipersódica (HS: 8% de NaCl) ou normossódica (NS: 1,3% de NaCl) durante o período de gestação e lactação. A partir da 16a semana de vida, uma parte da prole foi tratada com o losartan (15 mg/kg/dia,via oral,por gavagem) durante 8 semanas. Na 24a semana, a prole foi submetida a experimentos de medida da pressão arterial, avaliação do relaxamento à acetilcolina (ACh) em aorta e artéria mesentérica de resistência (AMR), da reposta contrátil induzida pela fenilefrina ou noradrenalina, medida das propriedades mecânicas e estruturais em AMR e experimentos de ´´western blot´´ e PCR para estudo da expressão de alguns componentes da parede arterial. Comparado à prole NS, os animais HS apresentaram prejuízo do relaxamento à ACh em ambas artérias e hiper-reatividade à fenilefrina na aorta, sem apresentarem alterações na pressão arterial. Estas alterações foram acompanhadas com aumento da atividade da enzima conversora de angiotensina e aumento da expressão da ciclooxigenase (COX-2). Na presença de inibidores da ciclooxigenase (indometacina) e do estresse oxidativo (apocinina e tempol) estas alterações foram revertidas, sugerindo um aumento do perfil inflamatório (ciclooxigenase) e do estresse oxidativo (NADPH oxidase) nas artérias do grupo HS. Os diâmetros interno e externo, a espessura da parede e a área da seção transversal foram aumentados, enquanto a relação parede/lúmen não foi modificada na AMR do HS em comparação com o NS. Por outro lado, a distensibilidade da AMR do grupo HS foi semelhante à do grupo NS. O tratamento crônico com o losartan foi capaz de reverter o prejuízo da função endotelial em ambas artérias e a hiper-reatividade à fenilefrina na aorta, porém não reverteu as alterações estruturais (hipertrofia) na AMR da prole HS; apenas houve uma diminuição da resposta miogênica nesses animais após tratamento com losartan. Os resultados aqui obtidos demonstram que a sobrecarga de sódio materna foi capaz de programar importantes alterações funcionais sobre o sistema vascular da prole, as quais parecem ser mediadas através do aumento da formação de radicais livres derivados da NADPH oxidase e de metabólitos derivados da COX-2, que por sua vez são dependentes dos efeitos estimulatórios da angiotensina II. Apesar de a angiotensina II ser um fator indutor de hipertrofia vascular, as alterações estruturais observadas em artérias de resistência da prole HS são independentes deste fator. CAPES The concept of "fetal programming" suggests that an individual can be "programmed" during intrauterine and perinatal stages to develop diseases in adulthood. The literature shows that maternal sodium overload causes important cardiac, renal and metabolic changes in adult offspring, predisposing them to the emergence of cardiovascular diseases. However, there is yet no data on the impact of this maternal sodium overload on the offspring's vascular system. Thus, the aim of this study was to investigate the effect of maternal sodium overload on the function (contracting and relaxing mechanisms) and vascular structure (arterial remodeling and mechanical properties) of the offspring and whether these effects would be mediated by the actions of angiotensin II via AT1 receptor activation. Dams were fed a high sodium diet (HS: 8% NaCl) or normal sodium concentration (NS: 1.3% NaCl) during pregnancy and lactation periods. At 16 weeks of age, part of the male offspring was treated with losartan (15 mg/kg day, via gavage) for 8 weeks. Blood pressure, acetylcholine and phenylephrine/noradrenaline responses were analyzed in aorta and mesenteric resistance arteries (MRA) from 24-week-old male offspring. The vascular structure and mechanics of the MRA were assessed with pressure myography. Expression of some protein of the arterial wall was measured by western blot. Compared to NS, HS offspring was normotensive. Contraction to phenylephrine increased (aorta) and relaxation to acetylcholine was decreased only in aorta and MRA from HS than age-matched NS. These changes were accompanied by an increase in the activity of the angiotensin converting enzyme and increased COX-2 expression. Preincubation with tempol, apocynin or indomethacin decreased contraction to phenylephrine (aorta) and potentiated relaxation to acetylcholine in HS aorta and MRA, suggesting an increase in the inflammatory (COX-2) and oxidative stress (NADPH oxidase) profile in HS arteries. Internal and external diameters, wall thickness and cross-sectional area were increased, whereas the wall-to-lumen ratio was uncharched in MRA from HS compared with NS. On the other hand, the distensibility of HS MRA was similar to NS MRA. Chronic treatment with losartan could reverse the impairment of endothelium-dependent relaxation in both HS aorta and MRA and decreased hyperreactivity to phenylephrine in HS aorta. Losartan treatment did not produce any detectable effect on structural properties in MRA from NS or HS offspring. The results obtained here demonstrate that maternal sodium overload during perinal period “programs” important functional changes on the vascular system of the offspring, which appear to be mediated by increased formation of reactive oxygen species derived from NADPH oxidase and increased metabolites derived from COX-2, which in turn are dependent on the stimulatory effects of angiotensin II. Although angiotensin II is a factor that induces vascular hypertrophy, the structural changes observed in HS arteries are independent of angiotensin II.