doctoralThesis
A tributação das transmissões por doações e sucessões causa mortis como instrumento de concentração patrimonial no Brasil
A tributação das doações e sucessões causa mortis como instrumento de concentração patrimonial no Brasil
Author
CAMPOS, Giovanni Christian Nunes
Institutions
Abstract
MÉLO, Luciana Grassano de Gouvêa, também é conhecido(a) em citações bibliográficas por: MELO, LUCIANA GRASSANO DE GOUVÊA A presente tese investiga as conexões entre a desigualdade de renda e patrimônio com a tributação, e mais especificamente com a tributação sobre transmissão causa mortis e doação. Para tanto, estuda-se primeiramente a desigualdade de renda e patrimônio nas sociedades modernas, o que foi feito a partir do século XIX até o XXI, tomando os diversos estratos da população, por decil ou percentil, ou fração destes, quando se demonstra com clareza a enorme desigualdade econômica entre os diversos estratos sociais, confrontando o caso brasileiro com os Estados Unidos e a França. Clarificada a situação da desigualdade de renda e patrimônio, investiga-se a estrutura da tributação sobre renda, patrimônio e consumo no Brasil, ficando demonstrado que nosso sistema tributário é regressivo e funciona como mais um elemento de degradação da desigualdade. Se a tributação anual e ordinária não é obstáculo à acumulação patrimonial e de renda, investiga-se a situação da tributação sobre as transmissões gratuitas de bens de direitos, com um estudo de direito comparado, confrontando o histórico de tal tributação nos Estados Unidos, França e Brasil. Assim, demonstram-se as vicissitudes dessa forma de tributação nos Estados Unidos e na França desde o século XIX, estudando os movimentos sociais e políticos que instituíram essa tributação e os desafios até a contemporaneidade. Já no Brasil, a tributação sucessorial sempre se mostrou muito precária, por muito tempo misturada com a tributação sobre transmissão onerosa de propriedade ou apenas incidindo sobre bens imóveis, e com alíquotas tetos definidas pelo Senado Federal em percentuais módicos, o que faz tal tributação parecer mais com um imposto registral, de garantia da propriedade. Para compreender a história da tributação sucessorial brasileira, à míngua de debates na doutrina jurídica, socorre-se dos debates constantes dos anais da Constituição de 1934 e 1988, que marcaram as alterações mais expressivas na tributação sucessorial brasileira. Ainda se aborda a jurisdição constitucional do Supremo Tribunal Federal, a qual somente percebe parcialmente as potencialidades da personalização dessa tributação. A despeito desse quadro, a imposição sucessorial foi a que mais evoluiu no decênio que findou em 2016 no Brasil, a partir de uma melhor administração desse imposto pelos fiscos estaduais. Ao final, como forma de potencializar a tributação sucessorial brasileira e fazê-la funcionar como um instrumento de contenção das desigualdades econômicas, propõe-se integrá-la à tributação sobre a renda, passando-a para o âmbito da União, com partilha das receitas para Estados e Municípios. The present thesis investigates the connections between the inequality of income and wealth with taxation, more especifically estate and gift taxation. In order to do so, we first study income inequality and patrimony in modern societies, which was done from the nineteenth century until the twenty-first, taking the various strata of the population, by decile or percentile, or fraction thereof, when it is demonstrated with economic inequality between the various social strata, confronting the Brazilian case with the United States and France. Clarifying the situation of inequality of income and equity, we investigate the structure of taxation on income, wealth and consumption in Brazil, showing that our tax system is regressive and functions as another element of degradation of inequality. If annual and ordinary taxation is not an obstacle to accumulation of wealth and income, the tax situation on free transfers of rights assets is investigated with a comparative law study, comparing the history of such taxation in the United States, France and Brazil. Thus, the vicissitudes of this form of taxation in the United States and in France since the nineteenth century are shown, studying the social and political movements that instituted this taxation and the challenges to the present. In Brazil, inheritance taxation has always proved to be very precarious, for a long time mixed with taxation on the onerous transmission of property or only on real estate, and with rates set by the Federal Senate in a reasonable percentage, which makes such taxation seem more like a registration tax. In order to understand the history of Brazilian succession taxation, in the absence of debates in legal doctrine, it relies on the debates contained in the annals of the Constitution of 1934 and 1988, which marked the most significant changes in Brazilian successional taxation. It also addresses the constitutional jurisdiction of the Federal Supreme Court, which only partially realizes the potential of personalization of this taxation. In spite of this, succession taxation was the one that evolved the most in the decade that ended in 2016 in Brazil, due to a better administration of this tax by the state treasurers. . In the end, as a means of enhancing Brazilian successor taxation and making it function as an instrument to contain economic inequalities, it is proposed to integrate it into income taxation, transferring it to the Union, with revenue sharing for states and municipalities. La présente thèse examine les liens entre l'inégalité des revenus et l'équité avec la fiscalité, et plus particulièrement avec la fiscalité successorale. Pour ce faire, nous étudions d’abord l’inégalité des revenus et le patrimoine dans les sociétés modernes, ce qui s’est fait du XIXe siècle au XXIe siècle, en prenant les différentes couches de la population, par décile ou centile, ou une fraction de celle-ci. Pour ce faire, nous étudions d’abord les inégalités de revenus et de richesses dans les sociétés modernes, du XIXe au XXIe siècle, en prenant les différentes couches de la population, par décile, par centile ou par fraction de celle-ci. L'énorme inégalité économique entre les différentes couches sociales est clairement démontrée, ce qui confronte le cas brésilien aux États-Unis et à la France. En clarifiant la situation d'inégalité de revenu et de richesse, nous examinons la structure de l'imposition sur le revenu, la richesse et la consommation au Brésil, montrant que notre système fiscal est régressif et fonctionne comme un autre élément de dégradation des inégalités. Si la fiscalité annuelle et ordinaire ne constitue pas un obstacle à l’accumulation de patrimoine et de revenus, la situation fiscale en matière de libre transfert d’actifs est examinée dans le cadre d’une étude de droit comparé comparant l’historique de cette fiscalité aux États-Unis et en France et le Brésil. Ainsi, les vicissitudes de cette forme de taxation aux États-Unis et en France depuis le XIXe siècle sont présentées, en étudiant les mouvements sociaux et politiques qui ont institué cette taxation et les défis du présent. Au Brésil, les droits de succession se sont toujours révélés très précaires, longtemps mêlés à des taxes sur la transmission onéreuse de biens ou seulement à des biens immobiliers et à des taux fixés par le Sénat fédéral selon un pourcentage minimum, ce qui semble plus avec une taxe d'enregistrement, taxe foncière. Pour comprendre l’histoire de la fiscalité des successions au Brésil, en l’absence de débats dans la doctrine juridique, elle s’appuie sur les débats contenus dans les annales de la Constitution de 1934 et de 1988, qui ont marqué les modifications les plus importantes de la fiscalité des successions au Brésil. Il aborde également la compétence constitutionnelle de la cour constitutionnelle, qui ne réalise que partiellement le potentiel de personnalisation de cette taxation. Malgré cela, l'imposition des successions a été celle qui a le plus évolué au cours de la décennie qui s'est terminée en 2016 au Brésil, grâce à une meilleure administration de cette taxe par les État. En fin de compte, afin de renforcer la fiscalité successorales brésilien et de la transformer en un instrument permettant de limiter les inégalités économiques, il est proposé de l'intégrer dans la fiscalité des revenus, en la transférant dans l'Union, avec partage des recettes pour les états et les municipalités.