doctoralThesis
Infecções por dengue, Zika e chikungunya em mulheres e ocorrência de anomalias congênitas em recém-nascidos: uma análise epidemiológica em Pernambuco
Autor
SILVA, Keilla Maria Paz e
Institución
Resumen
As doenças causadas por arbovírus geralmente ocorrem de maneira epidêmica e são semelhantes em sua expressão clínica. Eles constituem uma síndrome que pode ser febril ou exantemática (por exemplo, dengue [DENV] e chikungunya [CHIKV] e Zika [ZIKV]) e ainda possuem uma potencial associação com a transmissão materno-fetal, gerando complicações fetais e neonatais. Esse trabalho objetivou avaliar o perfil epidemiológico de mulheres notificadas para DENV, CHIKV e ZIKV, bem como a ocorrência de anomalias congênitas no estado de Pernambuco entre 2015 e 2018, através dos sistemas de vigilância disponíveis. A consulta ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) resultou em 5.851 casos confirmados para os três arbovírus em mulheres, incluindo 1.190 para DENV e 1.484 para CHIKV em gestantes, além de 3.177 para ZIKV sem informações sobre o período gestacional. Nas infecções por DENV e CHIKV a faixa etária mais prevalente foi entre 20-29 anos (49,4% e 49,6%, respectivamente), contrastando com ZIKV cuja prevalência foi maior nas mulheres acima de 40 anos (36,4%). Como local de residência, a Região Metropolitana do Recife (RMR) abrangeu o maior número de casos confirmados. Não houve diferença estatisticamente significativa nas notificações para DENV e CHIKV em gestantes comparando com o período gestacional. Dados sobre escolaridade estavam incompletos. A consulta ao Registro de Eventos em Saúde Pública (RESP-Microcefalia) resultou em 454 casos confirmados de microcefalia. O maior percentual de casos de microcefalia (270, 59,5%) ocorreu no ano de 2015 e (404, 95,7%) foram detectados no terceiro trimestre gestacional. A consulta ao Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) resultou em 401.593 nascidos vivos, sendo que 1,1% possuíam algum tipo de anomalia congênita. As mais prevalentes foram no sistema osteoarticular (37,1%), nervoso (25%) e genital (10,5%). Observamos uma associação de anomalias congênitas com nascidos vivos prematuros (OR = 2,31; IC95% 2,16–2,48); idade materna superior a 40 anos (OR = 2,91; IC95% 2,51–3,37), gestações de gêmeos (OR = 1,61; IC95% 1,36–1,92), mulheres de etnia/cor preta (OR = 1,38; IC95% 1,22-1,57) e recém-nascidos do sexo feminino (OR = 0,80; IC95% 0,75-0,85). Quanto à completude das variáveis, houve uma baixa porcentagem de dados deixados em branco ou ignorados. Dada a importância de possíveis complicações causadas por arbovírus durante o período gestacional, sinalizamos a necessidade de fortalecer os sistemas de vigilância em saúde e sua capacidade de responder prontamente a novos surtos de agentes infecciosos emergentes. Diseases caused by arboviruses usually occur in an epidemic manner and are similar in their clinical expression. They constitute a syndrome that may be febrile or exanthematic (eg dengue [DENV] and chikungunya [CHIKV] and Zika [ZIKV]) and still have a potential association with maternal-fetal transmission, generating fetal and neonatal complications. This study aimed to evaluate the epidemiological profile of women reported for DENV, CHIKV and ZIKV, as well as the occurrence of congenital anomalies in the state of Pernambuco between 2015 and 2018, through the available surveillance systems. The consultation to the SINAN resulted in 5,851 confirmed cases for the three arboviruses in women, including 1,190 for DENV and 1,484 for CHIKV in pregnant women, and 3,177 for ZIKV without information on the gestational period. In DENV and CHIKV infections, the most prevalent age group was between 20-29 years (49.4% and 49.6%, respectively), in contrast to ZIKV, whose prevalence was higher in women over 40 years (36.4%). As a place of residence, the Metropolitan Region of Recife (RMR) covered the largest number of confirmed cases. There was no statistically significant difference in the reports for DENV and CHIKV in pregnant women comparing with the gestational period. Data on schooling were incomplete. Consultation with the Registry of Events in Public Health (RESP-Microcephaly) resulted in 454 confirmed cases of microcephaly. The highest percentage of cases of microcephaly (270, 59.5%) occurred in 2015 and (404, 95.7%) were detected in the third gestational trimester. The consultation to the Information System on Live Births (SINASC) resulted in 401,593 live births, with 1.1% having some type of congenital anomaly. The most prevalent were osteoarticular (37.1%), nervous (25%) and genital (10.5%). We observed an association of congenital anomalies with preterm births (OR = 2.31, 95% CI 2.16-2.48); (OR = 2.91, 95% CI 2.51-3.37), twin pregnancies (OR = 1.61, 95% CI 1.36-1.92), ethnicity / color women (OR = 1.38, 95% CI 1.22-1.57) and female newborns (OR = 0.80, 95% CI 0.75-0.85). As for the completeness of the variables, there was a low percentage of data left blank or ignored. Given the importance of possible complications caused by arboviruses during the gestational period, we signal the need to strengthen health surveillance systems and their ability to respond promptly to new outbreaks of emerging infectious agents.