A hanseníase possui um alto potencial incapacitante, principalmente quando atinge fases do crescimento e desenvolvimento humano como na infância e adolescência. As práticas de atenção à saúde quando realizadas com crianças e adolescentes são consideradas exitosas se possibilitarem a promoção da saúde, e a sua participação no processo de cuidado. Para Foucault, o cuidado relaciona saberes e práticas que favorecem as experiências históricas e culturais da vida dos seres humanos. O estudo tem como objetivo analisar as práticas de atenção à saúde realizadas por profissionais de saúde com crianças e adolescentes menores de 15 anos em tratamento da hanseníase, à luz dos pensamentos de Foucault. Trata-se de uma pesquisa de campo, descritiva, qualitativa, realizada com 23 profissionais de saúde que atendiam crianças e adolescentes menores de 15 anos com hanseníase em unidades de saúde da família e em policlínicas, localizados em Recife-PE. Foram realizadas entrevistas individuais semiestruturadas, gravadas, transcritas na íntegra e analisadas conforme a análise de conteúdo na modalidade temática. Para a organização e tratamento dos dados utilizou-se o software Atlas.ti (versão 8.0). Os resultados revelaram que os profissionais da atenção primária reconhecem como potencialidades nas práticas de atenção à saúde desenvolvidas com crianças e adolescentes menores de 15 anos em tratamento da hanseníase, o acolhimento realizado, destacando a necessidade da comunicação com a criança/adolescente e família, a disponibilização do tempo para o atendimento, como também da abordagem clínica com a solicitação de exames e o tratamento medicamentoso. Paralelamente, foram referidos alguns fatores limitantes das práticas em relação ao diagnóstico da doença e o atendimento/encaminhamento para profissionais especializados. As atividades de educação em saúde foram referenciadas como estratégias potencializadoras para o estabelecimento de uma relação de confiança entre o profissional e a criança e/ou adolescente e familiares, entretanto sua utilização foi restrita a uma orientação individualizada durante o atendimento. Os discursos dos profissionais sobre as práticas de atenção à saúde da criança e do adolescente em tratamento de hanseníase reconhecem limitações, que corroboram para as dificuldades no controle da doença, como uma atenção interdisciplinar, com ênfase ao protagonismo da criança e do adolescente em parceria com os familiares, para sua adesão ao tratamento prolongado, como também, ao enfrentamento de barreiras de isolamento reproduzidas ainda na atualidade pelo preconceito e estigma social.CAPESLeprosy has a high incapacitating potential, especially when it reaches stages of human growth and development as in childhood and adolescence. Health care practices when performed with children and adolescents are considered successful if they enable the promotion of health, and their participation in the care process. For Foucault, care relates knowledge and practices that favor the historical and cultural experiences of human life. The study aims to analyze the health care practices performed by professionals with children and adolescents under 15 years of age in the treatment of leprosy in the light of Foucault's thoughts. This is a descriptive and qualitative field research carried out with 23 health professionals who attended children and adolescents under 15 years old with leprosy in family health units and in polyclinics, located in Recife-PE. Individual semi-structured interviews were carried out, which were recorded, transcribed in their entirety and analyzed according to the content analysis in the thematic modality. The Atlas.ti software (version 8.0) was used to organize and process the data. The results revealed that primary care professionals recognize the potential of health care practices developed with children and adolescents under 15 years of age in the treatment of leprosy, the reception performed, highlighting the need for communication with the child / adolescent and the family, availability of time for care, as well as the clinical approach with the request for exams and drug treatment. At the same time, some limiting factors of the practices in relation to the diagnosis of the disease and the attendance / referral to specialized professionals were mentioned. Health education activities were referred to as potential strategies for establishing a relationship of trust between the professional and the child and / or adolescent and their families, however their use was restricted to an individualized orientation during the care. The professionals' discourses on the health care practices of children and adolescents in leprosy treatment recognize limitations that corroborate the difficulties in controlling the disease, as an interdisciplinary attention, with emphasis on the protagonism of the child and the adolescent in partnership with the family members, for their adherence to the prolonged treatment, as well as the confrontation of barriers of isolation reproduced still today by prejudice and social stigma.