masterThesis
Relatos e vivências em saúde do campo: a produção do cuidado em assentamentos da Reforma Agrária no interior de Pernambuco
Autor
DANTAS, Ana Carolina de Moraes Teixeira Vilela
Institución
Resumen
Historicamente as populações do campo no Brasil vivem processos de exclusão e desassistência com relação à saúde e demais políticas sociais. A incidência significativa de doenças negligenciadas relacionadas à pobreza, às precárias condições de trabalho, falta de acesso a terra e rede de abastecimento de água, são expressões da negligência por parte do poder público para com as famílias que vivem em áreas de acampamento e assentamentos rurais. Esta pesquisa etnográfica teve o objetivo analisar o cuidado à saúde de famílias assentadas no interior de Pernambuco a partir de observação participante, entrevistas individuais com profissionais de saúde da Atenção Primária e representante do setor saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, grupos focais com as famílias de dois assentamentos da Reforma Agrária, registro fotográfico e em diário de campo. Observou-se que as práticas de saúde vivenciadas pelas famílias assentadas estão relacionadas ao cuidado popular através do cultivo e uso de plantas medicinais, acesso às ações de prevenção desenvolvidas pelas equipes de saúde como vacinação, puericultura, orientações sobre tratamento da água para consumo, destino do lixo, programa de tratamento para hipertensão e diabetes. Além daquelas realizadas pelo setor saúde do Movimento que estão voltadas ao diagnóstico da condição de saúde e planejamento compartilhado a partir da educação popular.
Foram identificados elementos estruturantes dessas práticas como os fatores socioculturais, educacionais, a produção social das necessidades em saúde, formação e perfil dos profissionais, capacidade resolutiva da Atenção Primária. Apesar de as práticas de saúde referidas pelos profissionais, estarem de acordo com a proposição da Política Nacional da Atenção Básica, ainda há lacunas entre o fazer saúde técnico equipes de saúde) e o fazer saúde popular (famílias assentadas e setor saúde do MST). Pois, ambos compartilham do mesmo contexto de cuidado, embora ocupem posições diferentes (até mesmo desiguais) na relação de produção do cuidado e não instituem vias de comunicação entre si para reorganizar o cuidado às famílias nos assentamentos. Devem-se compreender de maneira integrada as necessidades de saúde do campo como produtos da estrutura sociocultural das famílias assentadas que vão demandar das equipes da APS competências e habilidades específicas para o cuidado à saúde integral e resolutivo implicado com a realidade do campo. CAPES Historically, rural populations in Brazil have been experiencing exclusion and lack of care in relation to health and other social policies. The significant incidence of neglected diseases related to poverty, precarious working conditions, lack of access to land and water supply, are expressions of public neglect of families living in campsites and rural ettlements . This ethnographic research had the objective of analyzing the health care of families settled in the interior of Pernambuco from participant observation, individual interviews with Primary Care health professionals and representative of the health sector of the Movement of Landless Rural Workers, focus groups with the Families of two Agrarian Reform settlements, photographic record and field diary. It was observed that the health practices experienced by settled families are related to the popular care through the cultivation and use of medicinal plants, access to prevention actions developed by health teams such as vaccination, childcare, guidelines on treatment of drinking water, destination Of the trash, treatment program for hypertension and diabetes. In addition to those carried out by the Movement's health sector, they are focused on the diagnosis of health condition and shared planning based on popular education. Structural elements of these practices were identified, such as sociocultural and educational factors, the social production of health needs, the training and profile of professionals, and the capacity to solve Primary Care. Although the health practices referred to by the professionals are in accordance with the National Primary Care Policy proposal, there are still gaps between making technical health (health teams) and doing health popular (settled families and health sector of the MST) . For both share the same context of care, although they occupy different (even unequal) positions in the care production relationship and do not institute ways of communicating with one another to reorganize care for families in the settlements. The health needs of the countryside must be understood as a product of the socio-cultural structure of the settled families that will demand from the PHC teams specific skills and abilities for the integral and resolute health care involved with the reality of the field.