masterThesis
Distribuição do zooplâncton em ambientes recifais tropicais sob influência estuarina (Tamandaré, Pernambuco, Brasil)
Autor
BRITO, Morgana da Silva
Institución
Resumen
A comunidade de zooplâncton que habita os recifes tropicais compreende diferentes tipos (holoplâncton, meroplâncton e plâncton demersal) e provém de diferentes origens (pelágica e recifal). O presente estudo tem como objetivo avaliar e comparar o zooplâncton na borda recifal e nos canais entre os recifes costeiros e avaliar a influência de grupos de origem estuarina nesse ambiente. As coletas foram realizadas em duas formações recifais que fazem parte da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, conhecidas por Ilha da Barra (área totalmente protegida) e Pirambú (área aberta à pesca e visitação), em Tamandaré (Pernambuco, Brasil), nos períodos de 10 a 12 de novembro de 2015 e 7 a 11 de março de 2016 durante as marés vazantes noturnas. Para a realização deste estudo foram confeccionadas duas novas redes estacionárias: a Reef Edge Net e a Channel Midwater Neuston Net, que coletaram em pontos fixos na borda dos recifes (zooplâncton “lavado” do topo recifal para a borda) e em canais adjacentes aos recifes (onde ocorre o transporte do zooplâncton para mar aberto), respectivamente. Foi utilizada para este estudo a malha de 64 μm. O zooplâncton dos recifes de Tamandaré foi classificado quanto ao “tipo” (holoplâncton, meroplâncton e demersal) e “origem” (estuarina, nerítica, recifal, nerítica/estuarina e desconhecida). Um total de 32 amostras foram avaliadas quanto à abundância, biomassa e origem do zooplâncton. 65 grupos taxonômicos foram identificados. Copepoda (adultos, juvenis e náuplios) foi o grupo mais abundante com contribuição de 68% para o zooplâncton total, seguido de Foraminifera, Gastropoda (larvas), Cirripedia (náuplios), Oikopleura e Polychaeta (larvas). As redes estacionárias coletaram altas abundâncias de zooplâncton quando comparado ao registrado em recifes de coral tropicais do Indo-Pacífico e do Caribe. Houve diferença significativa entre a borda dos recifes e os canais entre os recifes na abundância (77.579 ± 73.985 ind m-3 e 9.982 ± 11.427 ind m⁻³, respectivamente) (Mann- Whitney, p = 0,0005) e na biomassa de carbono (48,9 ± 45,5 mg C m⁻³ e 11,4 ± 21,9 mg C m⁻³, respectivamente) (Mann-Whitney, p = 0,0011), com maiores valores na borda do recife. Os organismos de origem nerítica/estuarina dominaram nos canais tanto em abundância relativa quanto em biomassa relativa (23% e 33%, respectivamente). Os organismos de origem recifal foram dominantes em abundância relativa e biomassa relativa na borda dos recifes (27% e 22%, respectivamente). A borda dos recifes apresentou maior abundância e biomassa em todas as classificações por origem. A alta abundância de organismos coletados na borda dos recifes é, provavelmente, devido à baixa cobertura de corais nesses recifes, o que causa uma baixa pressão predatória sobre o zooplâncton e à contribuição de espécies estuarinas que realizam mecanismos de retenção próximos ao fundo. Pela primeira vez é realizado um estudo do zooplâncton em estações fixas próximas aos recifes costeiros de águas rasas com importante influência dos organismos de origem estuarina nos sistemas pelágicos aos seus entornos. CNPq The zooplankton community of tropical reefs is composed by different types (holoplankton, meroplankton and demersal plankton) and from different origins (pelagic and reef). The present study aims to evaluate and compare the zooplankton at the reef edge and in openwater channels at coastal reefs and evaluate the influence of groups from estuarine origin in this environment. The sampling was carried out in two patch reefs within the MPA Costa dos Corais: “Ilha da Barra” (fishing and visiting prohibited) and “Pirambú” (fishing and visiting allowed), off Tamandaré (Pernambuco, Brazil) from November 10 to 12, 2015 and from March 7 to 11, 2016 during nocturnal ebb tides. Two new passive nets were used: Reef Edge Net (REN) and Channel Midwater Neuston Net (CMNN), which sampled at fixed stations in reef edges (zooplankton “washed” from the reef top towards de edge) and in channels adjacent to reefs (where the transport of zooplankton to the open sea occurs), respectively. The 64 μm mesh was used for this study. The zooplankton of Tamandaré reefs was classified by "type" (holoplankton, meroplankton and demersal) and "origin" (estuarine, neritic, reef, neritic / estuarine and unknown). A total of 32 samples were evaluated for abundance, biomass and zooplankton origin. 65 taxonomic groups were identified. Copepoda (Adults, juveniles and nauplii) was the most abundant group with a contribution of 68% for total zooplankton, followed by Foraminifera, Gastropoda (larvae), Cirripedia (nauplii), Oikopleura and Polychaeta (larvae). Passive nets sampled higher abundances of zooplankton compared to previous studies in tropical coral reefs of the Indo-Pacific and Caribbean. There was a significant difference between reef edges and channels in abundance (77,579 ± 73,985 ind.m ⁻³ and 9,982 ± 11,427 ind.m⁻³ respectively) (Mann-Whitney, p = 0.0005) and Carbon biomass (48.9 ± 45.5 mg C m ⁻³ and 11.4 ± 21.9 mg C m-3, respectively) (Mann-Whitney test, p = 0.0011). Organisms from neritic / estuarine environments dominated the channels in both relative abundance and relative biomass (23% and 33%, respectively). Organisms of reef origin were dominant in relative abundance and relative biomass at the reef edges (27% and 22%, respectively). The reef edges presented higher abundance and biomass in all groups based on origin. The higher abundance of organisms sampled at the reef edges is probably due to very low coral cover on these coastal reefs, which causes a low predation pressure on zooplankton, and due to contribution of estuarine species that often use retention mechanisms, staying close to the bottom. For the first time, a zooplankton study was carried out at fixed stations close to shallow coastal reefs with important influence of the organisms from estuarine origin in the surrounding pelagic systems.