masterThesis
Distribuição espacial de traços funcionais de briófitas ao longo de gradientes ambientais na Floresta Atlântica
Autor
SOUZA, João Paulo Silva
Institución
Resumen
A Floresta Atlântica atualmente corresponde a mínimos 15% de sua cobertura original, distante do que foi há 500 anos atrás, antes do início da colonização, uso da terra e exploração de recursos naturais. O elevado grau de perturbação de seus remanescentes dificulta a compreensão dos processos ecológicos de diversos grupos biológicos, incluindo as briófitas, plantas sensíveis a alterações ambientais. Neste estudo, visamos verificar como a distribuição espacial de traços funcionais de briófitas está configurada em uma paisagem tropical fragmentada. As questões norteadoras desta pesquisa foram: A distribuição espacial de briófitas relaciona-se à diversidade funcional ao longo dos gradientes vertical (base-dossel) e horizontal (borda-núcleo)? Os traços funcionais variam qualitativamente e quantitativamente ao longo dos gradientes? Para este estudo, foi analisada uma comunidade de briófitas distribuída espacialmente ao longo de gradientes ambientais, vertical e horizontal do maior fragmento florestal da Estação Ecológica de Murici (ESEC Murici), Alagoas, Brasil. Seis traços funcionais das briófitas relacionados à manutenção hídrica e à proteção a intensidade luminosa foram utilizados para verificar como determinadas funções distribuem-se espacialmente ao longo dos gradientes ambientais. A diversidade funcional pouco explicou a distribuição espacial das briófitas, no entanto a composição funcional, juntamente com a variação morfológica do lóbulo foram altamente correlacionadas com os gradientes ambientais. Os traços lóbulo, pigmento escuro e papila, apresentaram elevada correlação com os gradientes, principalmente o vertical, onde foram os principais promotores de variação. As formas de vida também explicaram a distribuição espacial no gradiente vertical, a ocorrência das mais resistentes à elevada luminosidade e desidratação no dossel. Finalmente, constatamos que o lóbulo nas hepáticas folhosas ampliou sua área da base ao dossel, e apresentou maiores dimensões significativamente da base ao dossel, e na borda do fragmento. Assim, sugere-se que essa estrutura contribui funcionalmente na estocagem e na manutenção hídrica, estando associado ao tipo de microhabitat ocupado pelas espécies. As implicações de nossos achados confirmam a existência de filtros ambientais modeladores da distribuição espacial de traços funcionais de briófitas na Floresta Atlântica. CNPq The Atlantic Forest currently accounts for 15% of its original coverage, far from what it was 500 years ago, prior to the start of colonization, land use and exploitation of natural resources. The unbound disturbance of its remnants makes it difficult to understand the ecological processes of various biological groups including bryophytes, plants susceptible to environmental changes. This paper aims to show how the spatial distribution of functional features of bryophytes is configured in a fragmented tropical landscape. The guiding questions of this research were: Does the spatial distribution of bryophytes relate to functional diversity along vertical (base - canopy) and horizontal (edge-interior) gradients? Do the functional traits vary qualitatively and quantitatively along the gradients? For this study we analyzed a community of bryophytes spatially distributed along environmental, vertical and horizontal gradients of the largest forest fragment of the Murici Ecological Station (ESEC Murici), Alagoas, Brazil. Six functional traits of bryophytes related to water maintenance and protection from light intensity were used to verify how certain functions were spatially distribute along environmental gradients. The functional diversity alone failed to explain the spatial distribution of bryophytes, however the functional composition, along with the morphological variations of the lobule, were highly correlated with the environmental gradients. The traits lobule, dark pigment and papillae presented a high correlation with the gradients, mainly vertical, in which they were the main ingredients of variation. The life forms also explained the spatial distribution in the vertical gradient. Among them, the occurrence of forms with higher resistance to high luminosity and dehydration predominated in the canopy. Finally, we observed that the lobule in the leafy liverworts expanded its area as we moved from the understory to the canopy. It's dimensions also expanded significantly in the same direction, as well as on the edge of the fragment. Thus, it is suggested that this structure contributes functionally to storage and water maintenance, being associated to the type of microhabitat occupied by the species. The implications of our findings confirm the existence of environmental filters that shape the spatial distribution of functional bryophyte traits in the Atlantic Forest.