masterThesis
Os pressupostos na interpretação do Leviathan: o papel dos interesses na filosofia moral e política de Hobbes
Autor
SILVA, Jairo Rivaldo da
Institución
Resumen
Essa dissertação realiza um mapeamento dos pressupostos de duas tradições interpretativas do Leviathan. A primeira afirma que Hobbes: 1) defendeu uma concepção mecanicista do ser humano e da política traduzida no egoísmo psicológico; 2) defendeu uma concepção instrumental da razão. Uma vez que esses pressupostos sejam identificados é possível perceber o seguinte padrão interpretativo nos principais comentadores da sua obra: o estado de natureza como um dilema do prisioneiro da teoria dos jogos; a obrigação política justificada pela razão prudencial; a irrelevância da religião para a teoria moral e política de Hobbes. A segunda afirma que os indivíduos racionais descritos por Hobbes não são motivados apenas pelo autointeresse, mas por interesses racionais, morais e religiosos diversos. Essa revisão é responsável por uma releitura nas seguintes áreas da filosofia hobbesiana: 1) psicologia; 2) moral; 3) política. O objetivo é demonstrar como, a partir dos pressupostos e critérios de interpretação de cada uma delas, teremos não apenas duas abordagens distintas, mas resultados e soluções distintas para problemas políticos e morais que Hobbes buscou solucionar na sua magnus opus. Para tanto, a dissertação é composta de três capítulos que, embora pareçam unidades independentes que podem ser lidos em qualquer ordem, estão interligados. No primeiro capítulo, apresento os pressupostos da interpretação ortodoxa do Leviathan. Apresento os dois pressupostos principais, bem como a interpretação decorrente deles. Em seguida, tomo a obra de David Gauthier, The Logic of Leviathan, para demonstrar que os pressupostos da interpretação ortodoxa foram apresentados primeiramente nessa obra. No segundo capítulo, apresento a crítica da interpretação revisionista aos pressupostos da interpretação ortodoxa apresentados no primeiro capítulo e apresento os critérios de leitura das duas interpretações do Leviathan. No terceiro capítulo, faço uma reconstrução de alguns aspectos revisionistas na interpretação de Lloyd do Leviathan. Por fim, apresento os resultados desses pressupostos aplicados na resolução do problema da desordem social no Leviathan. O objetivo desse capítulo final é demonstrar como a abordagem ortodoxa e a revisionista entendem o que Hobbes denomina “razão pública” ou árbitro capaz de resolver a tensão entre os interesses privados responsáveis pela instabilidade da República e a razão de Estado. CAPES This dissertation makes a mapping of the presuppositions of two Leviathan interpretive traditions. The first affirms that Hobbes: 1) defended a mechanistic conception of the human being and of the politics translated in the psychological egoism; 2) defended an instrumental conception of reason. The first affirms that Hobbes: 1) defended a mechanistic conception of the human being and of the politics translated in the psychological egoism; 2) defended an instrumental conception of reason. Once these presuppositions are identified it is possible to perceive the following interpretative pattern in the main commentators of his work: the state of nature as a prisoner's dilemma of game theory; the political obligation justified by prudential reason; the irrelevance of religion to Hobbes's moral and political theory. The second affirm that the rational individuals described by Hobbes are motivated not only by self-interest, but by diverse rational, moral, and religious interests. This revision is responsible for a re-reading in the following areas of the Hobbesian philosophy: 1) psychology; 2) moral; 3) politics. The objective is to demonstrate how, based on the presuppositions and criteria of interpretation of each one of them, we will have not only two different approaches but different results and solutions for political and moral problems that Hobbes sought to solve in his magnus opus. For this, the dissertation is composed of three chapters that, although they seem to be independent units that can be read in any order, are indeed interconnected. In the first chapter, I present the presuppositions of the Leviathan's orthodox interpretation. I present the two main presuppositions, as well as the interpretation resulting from them. Then I take the work of David Gauthier, The Logic of Leviathan, to demonstrate that the presuppositions of orthodox interpretation were first presented in this work. In the second chapter, I present the critique of revisionist interpretation to the presuppositions of orthodox interpretation presented in the first chapter and present the criteria for reading the two interpretations of the Leviathan. In the third chapter, I reconstruct some revisionist aspects of Lloyd's interpretation of Leviathan. Finally, I present the results of these presuppositions applied in solving the problem of social disorder in Leviathan. The purpose of this final chapter is to demonstrate how the orthodox and revisionist approaches understand what Hobbes calls "public reason" or arbiter capable of resolving the tension between the private interests responsible for the instability of the Republic and the reason of State.