doctoralThesis
Sentidos e funcionamentos do discurso de ódio em espaços do Facebook: uma leitura discursiva
Autor
FRANÇA, Thiago Alves
Institución
Resumen
Este trabalho foi realizado a partir da Análise de Discurso (AD) fundada por Michel Pêcheux, assumida como horizonte teórico de base desta tese, o que significa que todos os demais “passos”, sejam os das reflexões teóricas sobre as discussões de autores de áreas diversas, sejam os das decisões metodológicas, foram pensados e realizados a partir da perspectiva que a AD apresenta enquanto possibilidade, tanto de leitura quanto de procedimento. Neste trabalho, compreendendo o discurso de ódio como um efeito discursivo, assumo que “reconhecê-lo”, isto é, que designá-lo é já um gesto de interpretação; e que, sendo um efeito, é possível descrever os movimentos que condicionam sua (re)produção. Embora algumas outras questões secundárias tenham sido apresentadas no texto, foram duas as principais perguntas de pesquisa formuladas nesta tese. São elas: (i) o que tem sido designado, por diferentes usuários-sujeitos, como discurso de ódio em alguns espaços do Facebook? E (ii) como funciona o processo que (re) produz o discurso de ódio em algumas ocorrências no Facebook? Para respondê-las, foram realizadas coletas nesse site de redes sociais, a partir das quais constituí o corpus de pesquisa, em um recorte temporal de 2014 até o segundo bimestre de 2018. No que diz respeito à disposição textual, além de uma primeira parte dedicada a uma discussão teórica sobre discurso de ódio e sobre ódio, este texto é composto por uma segunda parte, mais analítica, e que está organizada em dois capítulos, separados porque vinculados a cada uma das perguntas de pesquisa. No primeiro capítulo analítico, para responder a primeira pergunta, coletei o que estava sendo designado/interpretado como discurso de ódio por diferentes usuários-sujeitos em alguns espaços do Facebook, objetivando analisar essas designações/interpretações e que sentidos elas punham em jogo. Nessas análises de Sequências Discursivas (SD), discuti a diferença entre as designações/interpretações possíveis em meu Feed de notícias, as possíveis em outros Feeds e algumas condições para que os usuários-sujeitos designassem/interpretassem aquilo que eles mesmos produziam como discurso de ódio, provocando uma quebra na regularidade segundo a qual o que se designa/interpreta como discurso de ódio é o discurso do outro. No segundo capítulo analítico, para responder a segunda pergunta de pesquisa, acompanhei a textualidade produzida em algumas Postagens Disparadoras. Nessa textualidade, coletei as SD que me permitiram descrever e analisar dois movimentos do processo que (re)produz o discurso de ódio, e que eu chamei de Formação Discursiva do discurso de ódio: a desumanização do outro (pela produção do inumano, do animal, do demônio e da coisa) e a verbalização do tratamento que parece adequado ao outro já desumanizado (desde tratamentos indecorosos até “soluções finais”, como o desejo da morte em massa e violenta). Nas análises desse capítulo, pude refletir e formular sobre posições de sujeito (A e B) que estão em jogo na (re)produção do discurso de ódio. Em suma, nesta tese, discuto sobre (ir)regularidades nas designações/interpretações de outros usuários-sujeitos, e também acerca de (ir)regularidades no funcionamento do que eu designei/interpretei como discurso de ódio. Este trabajo fue realizado desde el Análisis de Discurso (AD) fundado por Michel Pêcheux, horizonte teórico asumido como base de esta tesis, lo que significa que todos los demás “pasos”, sean los de las reflexiones teóricas acerca de las discusiones de autores de áreas diversas, sean los de las decisiones metodológicas, fueron pensados y realizados a partir de la perspectiva que el AD presenta como posibilidad, tanto de lectura como de procedimiento. En este trabajo, comprendiendo el discurso de odio como un efecto discursivo, asumo que “reconocerlo”, es decir, que designarlo es ya un gesto de interpretación; y que, siendo un efecto, es posible describir los movimientos que condicionan su (re)producción. Aunque algunas otras cuestiones secundarias han sido presentadas en el texto, fueron dos las principales preguntas de investigación formuladas en esta tesis. Son ellas: (i) ¿qué ha sido designado, por diferentes usuarios-sujetos, como discurso de odio en algunos espacios del Facebook? Y (ii) ¿cómo funciona el proceso que (re)produce el discurso de odio en algunas situaciones en el Facebook? Para contestarlas, fueron realizadas colectas en ese sitio de redes sociales, a partir de las cuales constituí el corpus de investigación, en un recorte temporal desde 2014 hasta el segundo bimestre de 2018. Con respecto a la disposición textual, además de una primera parte dedicada a una discusión teórica sobre discurso de odio y sobre odio, este texto es compuesto por una segunda parte, más analítica, y que está organizada en dos capítulos, separados porque están vinculados a cada una de las preguntas de investigación. En el primer capítulo analítico, para contestar a la primera pregunta, recogí lo que estaba siendo designado/interpretado como discurso de odio por diferentes usuarios-sujetos en algunos espacios de Facebook, buscando analizar esas designaciones/interpretaciones y qué sentidos ellas ponían en juego. En esos análisis de Secuencias Discursivas (SD), discutí la diferencia entre las designaciones/interpretaciones posibles en mi Feed de noticias, las posibles en otros Feeds y algunas condiciones para que los usuarios-sujetos designasen/interpretasen aquello que ellos mismos producían como discurso de odio, provocando una ruptura en la regularidad según la cual lo que se designa/interpreta como discurso de odio es el discurso del otro. En el segundo capítulo analítico, para contestar a la segunda pregunta de investigación, acompañé la textualidad producida en algunas Publicaciones Disparadoras. En esa textualidad, recogí las SD que me permitieron describir y analizar dos movimientos del proceso que (re)produce el discurso de odio, y que yo llamé de Formación Discursiva del discurso de odio: la deshumanización del otro (por la producción del inhumano, del animal, del demonio y de la cosa) y la verbalización del tratamiento que parece adecuado al otro ya deshumanizado (desde
tratamientos indecorosos hasta "soluciones finales", como el deseo de la muerte en masa y violenta). En los análisis de este capítulo, pude reflexionar y formular sobre posiciones de sujeto (A y B) que están en juego en la (re)producción del discurso de odio. En resumen, en esta tesis, discuto sobre (ir)regularidades en las designaciones/interpretaciones de otros usuarios-sujetos, y también acerca de (ir)regularidades en el funcionamiento de lo que he designado/interpretado como discurso de odio. Ce travail a été réalisé à partir de l’Analyse du Discours (AD) fondée par Michel Pêcheux, prise comme guide théorique de cette thèse. Cela signifie que toutes les étapes suivantes, soient des réflexions théoriques sur les discussions des auteurs de différents domaines, soient des décisions méthodologiques, ont été pensées et réalisées dans la perspective que l'AD présente comme une possibilité, à la fois en lecture et en procédure. Dans ce travail, comprenant le discours de la haine comme un effet discursif, je suppose que "le reconnaître", c'est-à-dire le désigner, est déjà un geste d'interprétation; et que, étant un effet, il est possible de décrire les mouvements qui conditionnent sa (re)production. Bien que d’autres questions secondaires aient été présentées dans le texte, deux questions de recherche principales ont été formulées dans cette thèse. Ce sont: (i) qu'est-ce qui a été désigné par différents utilisateurs-sujets comme un discours de haine dans certains espaces de Facebook? Et (ii) comment fonctionne le processus qui (re)produit le discours de haine dans certaines occurrences sur Facebook? Afin d'y répondre, des collectes ont été effectuées sur ce site de réseau social, à partir duquel le corpus de recherche a été constitué, en une coupe temporelle de 2014 jusqu’aux premières deux mois du second semestre 2018. En ce qui concerne la disposition textuelle, à part une première partie consacrée à une discussion théorique sur le discours de haine et sur la haine, ce texte est composé d’une seconde partie, plus analytique, qui est organisée en deux chapitres distincts, liés à chacune des questions de recherche. Dans le premier chapitre analytique, pour répondre à la première question, j'ai collecté ce qui était désigné/interprété comme un discours de haine par différents utilisateurs-sujets dans certains espaces de Facebook, dans le but d'analyser ces désignations/interprétations et les sens qu'elles mettaient en jeu. Dans ces analyses de séquences discursives (SD), j'ai discuté de la différence entre les désignations/interprétations possibles dans mon fil d'actualité, celles possibles dans celui d'autres utilisateurs-sujets, et certaines conditions permettant aux utilisateurs-sujets de désigner/interpréter ce qu'ils ont eux-mêmes produit comme discours de haine, provoquant une rupture dans la régularité selon laquelle ce qui est désigné/interprété comme discours de haine est le discours de l’autre. Dans le deuxième chapitre analytique, afin de répondre à la deuxième question de recherche, j'ai suivi la textualité produite dans certaines Publications Déclencheuses. Dans cette textualité, j'ai collecté des SD qui m'ont permis de décrire et d'analyser deux mouvements du processus qui (re)produit le discours de haine et que j'ai appelé Formation Discursive du discours de haine: la déshumanisation de l'autre (par la production de l'inhumain, de l'animal, du démon et de la chose) et la verbalisation du traitement qui semble approprié à l'autre déjà déshumanisé (de traitements inconvenants aux "solutions finales" telles que le désir de mort massive et violente). Dans les analyses de ce chapitre, j’ai été en mesure de réfléchir et de formuler les positions des sujets (A et B) en jeu dans la (re)production du discours de haine. En résumé, dans cette thèse, je discute des (ir)régularités dans les désignations/interprétations d'autres utilisateurs-sujets, ainsi que des (ir)régularités dans le fonctionnement de ce que j'ai désigné/interprété comme un discours de haine.