doctoralThesis
“Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”: a arte urbana dos grafismos e sua relação com a cidade de São Paulo
Autor
DUTRA, Hérrisson Fábio de Oliveira
Institución
Resumen
Nos últimos trinta anos, grafites e pichações invadem as metrópoles brasileiras e se espraiam em muros, viadutos, empenas de prédios e áreas abandonadas, como possíveis manifestações artísticas e políticas que revelam a complexidade da vida urbana. Originária nos subúrbios de
Nova York, a arte urbana dos grafismos se insere em um movimento maior, chamado hiphop, e tem como ideologia fundante uma crítica ao Estado e ao capitalismo, em especial à propriedade privada, como grandes responsáveis pelos problemas sócio-espaciais existentes. Nesse sentido, o objetivo desta tese é analisar como a arte urbana se relaciona com a metrópole brasileira contemporânea, tendo como locus de investigação a cidade de São Paulo nos últimos dez anos. Grafites e pichações são aqui considerados máquinas de guerra que se movimentam entre fugas e apreensões pelos aparelhos de captura controlados pelo Estado, pela iniciativa privada, pela mídia e pelo segmento oficial da arte. Nesse contexto, a crítica da arte urbana “ao sistema” é sustentada basicamente pela monotonia da paisagem da cidade, pela prevalência da funcionalidade no urbanismo, pela desigualdade social, pela precariedade do espaço público e por uma busca por prazer e adrenalina. Ao término, a tese se projeta para o futuro, defendendo que os problemas das metrópoles brasileiras contemporâneas são recorrentes no discurso dos artistas urbanos e, apesar de a sua produção artística não ter provocado na sociedade as devidas reflexões críticas a respeito, ainda existe potência de transformação sócio-espacial na arte urbana que não está aprisionada pelos efeitos da modernidade. In the last thirty years, graffiti, street art and spray-painting have invaded Brazilian cities and are scattered on walls, overpasses, building gables and abandoned areas, as possible artistic and political manifestations that reveal the complexity of urban life. Originating in the suburbs of New York, the urban art of graphics is part of a larger movement called hip-hop, and it has as its founding ideology a critique of the state and capitalism, especially private property, as responsible for existing socio-spatial problems. In this sense, the aim of this thesis is to analyze how urban art relates to the contemporary Brazilian metropolis, having as a locus of investigation the city of São Paulo in the last ten years. Graffiti, street art and spraypainting are here considered war machines that move between escapes and seizures by statecontrolled capture devices, by private initiative, by the media, and by the official segment of art. In this context, the critique of urban art "to the system" is basically supported by the monotony of the city landscape, by the prevalence of functionality in urbanism, by social inequality, by the precariousness of public space and by a search for pleasure and adrenaline. At the end, the thesis projects itself to the future, arguing that the problems of the contemporary Brazilian metropolises are recurrent in the discourse of the urban artists. Although its artistic production did not provoke in society the due critical reflections on this, there is still potential for socio-spatial transformation in urban art that is not imprisoned by the effects of modernity.