doctoralThesis
Traços do silêncio incômodo: nação e identidade nacional no Brasil e em Angola a partir do texto literário de João Ubaldo Ribeiro e Pepetela
Autor
OLIVEIRA NETO, João Matias de
Institución
Resumen
A presente tese tem por objetivo compreender diferentes projetos de formação da nação e identidade nacional no Brasil e em Angola a partir do romance Viva o Povo Brasileiro, do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, e do romance A Geração da Utopia, do escritor angolano Pepetela. Partimos de uma abordagem das discussões sobre nação e identidade nacional nas Ciências Sociais para, em seguida, contextualizar a tensão existente dentro da literatura na tentativa de problematizar como questões raciais dialogam com a questão nacional em ambos os países. Para tanto, nos inspiramos em uma postura etnográfica para observar como os romances remetem a uma descrição densa de contextos históricos, à medida que os personagens materializam símbolos, mitos, aspectos sociais, culturais e políticos que vão além da narrativa. Ao final, mais do que sugerir uma etnografia dos personagens em ambos os romances como ferramenta de análise na sociologia da literatura, descobrimos que as noções de mestiçagem se encontram no cerne da perspectiva de uma suposição de unidade nacional; entre conflitos que, por sua vez, sobrevivem como traços silenciados de uma questão incômoda. CNPq This thesis aims to establish the differences between Brazil and Angola on what regards to national identity and national formation, taking as corpus two novels: Viva o Povo Brasileiro, by João Ubaldo Ribeiro, and A Geração da Utopia, by Pepetela. We conducted our research from the concepts of nation and national identity on Social Scienses in order to understand how racial questions interact with the national question in both countries. The ethnography approach was used to verify how the novels are related to their historical contexts as the characters embody symbols, myths and social, political and cultural aspects that are beyond the narrative. We conclude that miscegenation is on the core of a supposed national unity and can be perceived on conflicts that persist as silenced traces of an uncomfortable question.