doctoralThesis
Os determinantes materiais da participação da China em operações de paz na África: o caso do Sudão do Sul
Autor
MONTENEGRO, Renan Holanda
Institución
Resumen
LIMA, Marcos Ferreira da Costa, também é conhecido(a) em citações bibliográficas por: COSTA LIMA, Marcos Ferreira da O presente trabalho tem o objetivo de investigar as conexões entre o envolvimento chinês na garantia da segurança regional na África e os interesses econômicos e estratégicos (aqui chamados de “determinantes materiais”) do país no continente, particularmente – mas não só – aqueles relacionados à questão energética. O ponto de partida é a decisão do governo da China em enviar um batalhão completo de infantaria para a missão de paz das Nações Unidas no Sudão do Sul, no final de 2014. Tal episódio não só demonstra um salto qualitativo na abordagem chinesa junto ao regime multilateral de segurança, como também levanta questionamentos quanto à dinâmica mais ampla das relações sino-africanas, já que a China destina à África a maior parte das suas contribuições de pessoal para operações de paz. Mesmo estando oficialmente na ONU desde 1971, a primeira contribuição chinesa para as referidas missões só aconteceu nos anos 1990. Nesta mesma época, a China perdeu a autossuficiência em petróleo, precisando ter uma atuação mais proativa no mercado internacional por meio de suas empresas estatais – a chamada “diplomacia do petróleo”. Foi sob esse pano de fundo que os chineses se aproximaram do Sudão, e consequentemente do Sudão do Sul, independente em 2011, tornando-se o principal acionista nos blocos de exploração de petróleo. Hoje, é exatamente o Sudão do Sul que concentra a maior parte das tropas chinesas que participam de operações de paz. Sendo assim, a pesquisa busca investigar as supostas motivações mercantilistas frequentemente levantadas pela imprensa e por especialistas, que explicam o envolvimento da China no Sudão do Sul unicamente pela ótica do autointeresse. Ademais, a tese ainda tenciona analisar como o fenômeno em tela mobiliza atores variados do organograma estatal comunista. Mais: também intenta compreender como o continente africano se insere dentro das estratégias globais da China no século 21, como a Nova Rota da Seda. A metodologia utilizada lança mão de técnicas de estatística descritiva e correlacional, teste de média, análise comparada e estudo de caso. Os resultados encontrados desnudam a fragilidade da hipótese mercantilista e apontam para a necessidade de se agregar à investigação tanto os fatores sistêmicos como as motivações específicas dos atores diversos ao longo da burocracia chinesa, acionando diferentes níveis de análise e causalidade. Considerações de ordem teórica e com relação às implicações da crescente assertividade internacional da China para a política externa dos Estados Unidos também são trazidas à tona. CAPES This work aims to investigate the connections between Chinese involvement in ensuring regional security in Africa and the country's economic and strategic interests (here called "material determinants") in the continent, particularly – but not only – those related to energy issue. The starting point is the Chinese government's decision to send a full infantry battalion to the United Nations peacekeeping mission in South Sudan at the end of 2014. This episode not only demonstrates a qualitative leap in Chinese approach to the multilateral security regime, but also raises questions about the broader dynamic of Sino-African relations, as China allocates in Africa most of its contributions to peace operations. Even though it officially joined the UN in 1971, China's first contribution to the above mentioned missions was only in the 1990s. Also in the 1990s, China lost its self-sufficiency in oil, needing to be more proactive in the international market through its state owned companies – the so-called “oil diplomacy”. It was against this background that the Chinese approached Sudan, and consequently South Sudan, independent in 2011, becoming the main shareholder in oil exploration blocks. Today, it is South Sudan that concentrates most of the Chinese troops in peacekeeping operations. Thus, the research seeks to investigate the alleged mercantilist motivations frequently raised by the press and by experts, who explain China's involvement in South Sudan solely from the perspective of self-interest. In addition, the thesis still intends to analyze how this issue mobilizes varied foreign policy actors along the communist state bureaucracy. Further, it also attempts to understand how the African continent fits into China's broader global strategies in the 21st century, such as the New Silk Road. The methodology uses descriptive and correlational statistical techniques, analysis of variance (ANOVA), comparative analysis and case study. The results found show the fragility of mercantilist hypothesis and point to the need to add to investigation both the systemic factors and the specific motivations of different actors throughout the Chinese bureaucracy, triggering different levels of analysis and causality. Theory-related considerations and in regard to the implications of China's growing international assertiveness for US foreign policy are also brought to the fore.