A iconografia cerâmica presente nos contextos sociais e ritualísticos dos grupos humanos pré-históricos sempre foi resultado de uma construção cultural e, por ser representada na cultura material e no corpo como suporte, foi vista como uma forma de linguagem, uma transmissão de mensagem através de símbolos específicos. Na pesquisa realizada, a iconografia que decorava os vasos dos grupos ceramistas pré-históricos de Pernambuco foi estudada com o objetivo de demonstrar como isso foi o reflexo de uma adaptação que associava elementos estilísticos e simbólicos e que compõe o caráter identitário cultural Tupiguarani. Para isto, foi analisada uma coleção de fragmentos referente a quinze sítios situados no Litoral/Zona da Mata, Agreste e Sertão pernambucano com o intuito de responder ao questionamento sobre como identificar nestes objetos os elementos que compõem o estilo Tupiguarani. Como hipótese, se afirma que o conjunto de elementos técnicos que compõem a confecção e decoração da cerâmica, bem como as escolhas do ceramista em buscar obedecer a uma regularidade foi o que representou este estilo. A metodologia utilizada obedeceu aos critérios de análise das variáveis técnico-morfológicas e decorativas para a construção do perfil estilístico, o que nos permitiu identificar os processos de confecção e decoração da cerâmica, bem como construir um panorama dos motivos iconográficos através da reconstituição por meio digital e comparação dos motivos Tupiguarani identificados por diferentes pesquisadores. Os resultados indicam predominância de aspectos decorativos semelhantes e diferentes entre as mesorregiões de Pernambuco, o que caracteriza possíveis identidades regionais, porém, de um modo geral com base no que dita e determina culturalmente esta tradição cultural. Por fim, não buscamos identificar o significado dos motivos iconográficos, mas sim ressaltar que os elementos técnicos associados aos possíveis significados simbólicos contidos na cerâmica foram utilizados tanto como forma de manter uma comunicação visual, como marcar a identidade destes indivíduos.The ceramic iconography present in the social and ritualistic contexts of prehistoric human groups has always been the result of a cultural construction and, being represented in material culture and in the body as a support, was seen as a form of language, a message transmission through of symbols. In the research carried out, the iconography that decorated the vessels of the prehistoric ceramist groups in Pernambuco was studied with the purpose of demonstrating how it was the reflection of a cultural adaptation that associated stylistic and symbolic elements, seen as a Tupiguarani identity character. For this, a collection of fragments was analyzed, referring to fifteen sites located in the Litoral / Zona da Mata, Agreste and Sertão, in the state of Pernambuco, in order to answer questions about how to identify the elements that make up the Tupiguarani style. As a hypothesis, it is affirmed that the set of technical elements that make up the confection and decoration of ceramics, as well as the ceramist's choices in seeking to obey a regularity was what represented this style. The methodology used obeyed the criteria for analysis of the technical-morphological and decorative variables for the construction of the stylistic profile, which allowed us to identify the processes of confection and decoration of the ceramic, as well as to construct a panorama of the iconographic motifs through the reconstitution by digital means and comparison of Tupiguarani motifs identified by different researchers. The results indicate a predominance of similar and different decorative aspects among the mesoregions of Pernambuco, which characterizes possible regional identities, however, generally based on what culturally dictates and determines the cultural tradition. Finally, we did not seek to identify the meaning of the iconographic motifs, but rather to emphasize that the technical elements associated with the possible symbolic meanings contained in the ceramics were used both as a way to maintain visual communication and to mark the identity of these individuals.