masterThesis
O homem que escava: as correspondências de Fradique Mendes
Autor
LIMA, Dayane Rouse Fraga
Institución
Resumen
Esse trabalho tem como objetivo observar como Eça de Queirós e Agualusa trataram da relação História/Literatura x Identidade em Crise levando em conta o papel do gênero romance epistolar dentro da criação identitária da narrativa literária de um povo. Entretanto, antes de nos aprofundarmos nesse ponto, nos parece válido estabelecer o contorno do que, exatamente, iremos comparar: a personagem Fradique Mendes, ao ser cuidadosamente elaborada por Eça de Queirós (em maior parte) e pelo Cenáculo, e tendo ele sido apresentado ao grande público como uma pessoa verídica, capaz de publicar poesias em revistas literárias, conhecedor de países e pessoas importantes, ganhou uma língua ferina, mordaz, de modo que quando dava voz às suas ideias acerca de pessoas, coisas e instituições, dificilmente poupava seu alvo do tom deliciosamente corrosivo empregado em suas cartas. E, dentre os escopos de seu veneno, o Estado e os portugueses que faziam parte da máquina estatal daquela época eram aqueles contra os quais Fradique parecia se deleitar ao dedicar várias páginas maliciosas. Essa crítica ao Estado português também se faz presente no Fradique Mendes criado pelo escritor José Eduardo Agualusa, porém ela parece se manifestar de maneira diversa à da realizada pelo Fradique pensado em 1868/1869. É, portanto, na maneira como a crítica, utilizada com doses variadas de ironia, ao poder lusitano se processa que também centraremos nosso olhar, procurando não apenas apontar a diferença entre as duas formas de repreender, mas também tentando entender, se não o porquê definitivo e absoluto, pelo menos como isso se desdobra num possível olhar para a imagem do Sistema colonial dentro das duas obras utilizadas como corpus de pesquisa. This essay’s objective is to observe how Eça de Queirós and Agualusa have dealt with the connection between History/Literature vs. Identity crisis, taking into consideration the role of the genre Epistolary romance in the identity construction of literary narration of a people. However, before getting deep into this point, it sounds valid to stablish what exactly will be compared: when the character Fradique Mendes was carefully fleshed out by Eça de Queirós (mostly) and by the Cenáculo and presented to the audience as a real person, able to publish poems in literary magazines and being a connoisseur of countries and important people, he gained a cruel and sarcastic tongue, so that whenever he voiced his ideas on people, things and institutions, he would hardly spare his victim his deliciously corrosive tone when writing his letters. And, among the scopes of his poison, the government and the Portuguese that were part of the state machine from that era were the ones against whom Fradique seemed to get the most pleasure in dedicating several malicious pages. This criticism to the Portuguese government also exists in the Fradique Mendes created by the writer José Eduardo Agualusa, but he seems to be revealed in a distinct way when compared to the Fradique imagined in 1868/1869. Therefore, we will also focus in how the criticism – frequently filled with irony – to the Portuguese power is processed, by not only pointing out the differences between both forms of reprehending, but also trying to understand, if not the ultimate and absolute truth reason, at least how it unfolds in a possible look to the perception of the colonial system in both works used as corpus in this research.