doctoralThesis
Alterações dentárias em crianças com microcefalia associada à Síndrome Congênita do Zika Vírus e outras infecções congênitas
Registro en:
GOMES, Patrícia Nóbrega. Alterações dentárias em crianças com microcefalia associada à Síndrome Congênita do Zika Vírus e outras infecções congênitas. 2019. 87f. Tese (Doutorado em Ciências Odontológicas) - Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.
Autor
Gomes, Patrícia Nóbrega
Resumen
The consequences of microcephaly associated with Congenital Zika Virus Syndrome (CZS)
and other congenital infections on the dental development of the affected child are not well
known. The objectives of this study were to evaluate the frequency of dental alterations in
children with microcephaly, to analyze if there is an association of dental alterations with
CZS, and to verify if microcephaly is a risk factor for dental alterations. For this, two crosssectional observational studies and one case-control study were performed. A single
calibrated examiner (Kappa > 0,8) evaluated the presence of dental alterations of number,
shape and size, alterations in the chronology and sequence of tooth eruption, and alterations in
the tooth enamel development in children with CZS and other congenital infections, as well as
in normoreactive children. Information related to mothers’ pregnancies and child births were
collected and a socioeconomic questionnaire was applied. Data were descriptively evaluated
and chi-square test and Fisher’s exact test were used as association tests considering a
significance level of 5% (studies 2 and 3). The first study sample consisted of 49 children
between 7 and 35 months of age with CZS-associated microcephaly. The most prevalent
alterations were related to the eruption chronology (93.9%), changes in the development of
the enamel (76.1%) and the dental eruption sequence (71.7%). Next, 62 children aged 7 to 35
months with CZS-associated microcephaly and other congenital infections comprised the
sample in the second study. There was no statistically significant association between CZS
and the presence of changes in chronology (p = 1.00), sequence of tooth eruption (p = 0.16)
and tooth enamel development (p = 1.00). In the case-control study, 81 normoreactive
children and children with microcephaly between 30 and 35 months of age were part of the
sample, which were then paired by gender and age at a 1:1 ratio after identifying the
frequencies of each of the dental alterations, and then allocated to the case (presence of dental
changes) or control (absence of dental changes) groups. The presence of microcephaly was
statistically associated with delayed tooth eruption (p<0.001), the presence of changes in tooth
eruption sequence (p<0.001) and dental enamel defects (p<0.001). It was concluded that
children with CZS-associated microcephaly had delayed dental eruption, alterations in the
eruptive sequence and hypomineralization of primary tooth enamel; however, a Zika virus
infection was not associated with these dental changes. A microcephaly, regardless of its
etiology, is a risk factor for changes related to the tooth eruption process and the development
of primary tooth enamel. It is concluded that microcephaly associated with CZS and other congenital infections is a risk factor for delayed tooth eruption, alterations in the eruptive sequence and defects in dental
enamel development occurring. As consequências da microcefalia associada à Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZ) e
outras infecções congênitas no desenvolvimento dentário da criança afetada ainda não são
bem conhecidas. Os objetivos deste estudo foram avaliar a frequência de alterações dentárias
em crianças com microcefalia, analisar se há associação das alterações dentárias com a SCZ e
verificar se a microcefalia é fator de risco para as alterações dentárias. Para isso, foram
realizados dois estudos observacionais transversais e um estudo do tipo caso-controle. Um
único examinador calibrado (Kappa > 0,8) avaliou a presença de alterações dentárias de
número, forma e tamanho, alterações na cronologia e sequência de irrupção dentária e
alterações no desenvolvimento do esmalte dentário em crianças com microcefalia, associada à
SCZ e outras infecções congênitas, e em crianças normoreativas. Informações relacionadas à
gestação da mãe e ao nascimento da criança foram coletadas e um questionário
socioeconômico foi aplicado. Os dados foram avaliados descritivamente e, como testes de
associação, foram utilizados o teste do Qui-quadrado e Exato de Fisher, considerando um
nível de significância de 5% (estudos 2 e 3). A amostra do primeiro estudo foi composta por
49 crianças entre 7 e 35 meses de idade apresentando microcefalia associada à SCZ. As
alterações mais prevalentes foram as relacionadas à cronologia de irrupção (93,9%; IC95%=
89–99%), às alterações no desenvolvimento do esmalte dentário (76,1%; IC95%= 64–88%) e
sequência de irrupção dentária (71,7%; IC95%= 60–84%). No segundo estudo, 62 crianças,
com idade entre 7 e 35 meses, portadoras de microcefalia associada à SCZ e outras infecções
congênitas compuseram a amostra. Não houve associação estatisticamente significativa entre
a SCZ e a presença de alteração na cronologia (p = 1,00) e sequência de irrupção dentária (p
= 0,16) e de desenvolvimento do esmalte dentário (p = 1,00). No estudo de caso-controle, 81
crianças entre 30 e 35 meses de idade, normoreativas e portadoras de microcefalia, fizeram
parte da amostra, a qual, após identificadas as frequências de cada uma das alterações
dentárias, foi emparelhada pelo sexo e idade, na proporção 1:1, e alocadas nos grupos caso
(presença de alterações dentárias) e controle (ausência de alterações dentárias). A presença de
microcefalia mostrou-se estatisticamente associada ao atraso na irrupção dentária (p < 0,001),
à presença de alterações na sequência de irrupção dentária (p < 0,001) e de defeitos no
esmalte dentário (p < 0,001). Concluiu-se que as crianças com microcefalia associada à SCZ
apresentaram atraso na irrupção dentária, alterações na sequência irruptiva e opacidade do
esmalte dos dentes decíduos, no entanto, a infecção pelo vírus Zika não foi associada à
ocorrência dessas alterações dentárias. A microcefalia, independente de sua etiologia, é fator
de risco para alterações relacionadas ao processo de irrupção dentária e ao desenvolvimento
do esmalte dos dentes decíduos. 2021-02-04