doctoralThesis
Evidências eletroencefalográficas e comportamentais da influência do ciclo menstrual sobre a prática da imagética motora
Registro en:
SOUZA, Rafaela Faustino Lacerda de. Evidências eletroencefalográficas e comportamentais da influência do ciclo menstrual sobre a prática da imagética motora. 2021. 187f. Tese (Doutorado em Neurociências) - Instituto do Cérebro, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2021.
Autor
Souza, Rafaela Faustino Lacerda de
Resumen
Introduction: Evidence suggests the female sex steroids (FSS) effect on neural circuits
involved in motor control, performance in manual dexterity and motor coordination tests and
neurological diseases with motor impairment. There is a lack of studies that investigate its
effects on motor cognitive processing. The sensorimotor rhythm also known as mu rhythm
(with its alpha: 12-13Hz; and, beta components: 15-30Hz) observed in electroencephalography
(EEG) is considered a window of opportunity to investigate the modulation of cortical areas
involved in planning motor. The mu rhythm can be induced by activities such as kinesthetic
motor imagery (MI) and action observation (AO), among others. Another tool used to
investigate motor cognitive processing is the Hand Laterality Judgement Task (HLJT). It is able
to modulate the P100 and P300 components of the Event-Related Evoked Potential (ERP) in
the EEG and it has behavioral measures that allow making inferences about cognitive processes
related to the spatial manipulation of body parts (in this specific case, the hands). This process
is known as implicit motor imagery. Aim: In this study, we investigated whether the cortical
activity and behavioral measures related to the cited tasks are modulated according to the
menstrual (low hormone levels), follicular (high estrogen levels) and luteal (high progesterone
levels) phases of the menstrual cycle of 31 right-handed women. Methods: These
investigations gave rise to two articles. In article 1, the amplitude of P100 and NNP of the
parieto-occipital region was investigated, as well as the performance in the test measured by
the accuracy and response time, during the practice of HLJT in the three phases of the cycle.
The analysis of generalized estimating equation (GEE) was performed to compare the phases
of the cycle as a function of the amplitude of P100 and RNN, the accuracy and the reaction
time, considering the possible interactions between the phases of the menstrual cycle and the
characteristics of the stimulus. In the second article, the spectral activity of the mu rhythm in
the sensorimotor region (C3 and C4) and of the alpha and beta bands in the other cortical regions
were recorded in the three phases of the cycle during the practice of MI and AO of the right
upper limb. Comparisons were made between the phases of the menstrual cycle for the variables
mentioned using a Friedman test. Results with p <0.05 were considered significant. Results
and conclusions: The behavioral analysis (accuracy and reaction time) of article 1 indicated
better performance in HLJT during the follicular and luteal phases when compared to the
menstrual phase. This result contradicts studies that demonstrate a reduction in the spatial manipulation ability of objects associated with FSS and suggests that the effect of these on
motor cognitive components, possibly absent in spatial manipulation tests, is capable of
favoring performance in HLJT. In article 2, it was possible to observe the beta-mu event-related
desynchronization (ERD) on the left sensorimotor region (area of representation of the right
hand) and beta ERD on the bilateral frontal regions during the practice of IM was significantly
higher in the follicular phase when compared with the menstrual and luteal phases, suggesting
the effect of estrogens on areas of motor cognitive processing. No difference between the phases
of the menstrual cycle was observed on the alpha-mu rhythm during the practice of AO or MI,
nor on the alpha component in several cortex regions of the cortex during MI. However, a
positive correlation was observed between the amplitude of alpha and beta in several cortex
regions during the practice of AO and estradiol levels in the follicular phase. These findings
should be considered when using the practices of IM and AO during the training of athletes and
neurofunctional rehabilitation of women. As well as they should serve as a basis for future
studies that investigate the effect of the FSS on motor processing and learning. Introdução: Evidências sugerem o efeito dos hormônios sexuais femininos (ESF) sobre
circuitos neurais envolvidos no controle motor, desempenho em testes de destreza manual e de
coordenação motora e doenças neurológicas com comprometimento motor. Faltam estudos que
investiguem seus efeitos sobre o processamento cognitivo motor. O ritmo sensório-motor
também conhecido como ritmo mu (com seus componentes alfa: 12-13Hz; e, beta: 15-30Hz)
observado na eletroencefalografia (EEG) é considerado uma janela de oportunidade para
investigar a modulação de áreas corticais envolvidas no planejamento motor. O ritmo mu pode
ser induzido sobre o córtex sensório-motor por atividades como imagética motora cinestésica
(IM) e observação da ação (OA), entre outras. Uma outra ferramenta utilizada para investigar
o processamento cognitivo motor é o teste de julgamento da lateralidade manual (Hand
Laterality Judgement Task - HLJT). Este é capaz de modular os componentes P100 e
negatividade relacionada ao evento (NNR) do Potencial Evocado Relacionado ao Evento (ERP)
na EEG e possui medidas comportamentais que permitem fazer inferências sobre processos
cognitivos relacionados à manipulação espacial de partes do corpo (nesse caso específico, das
mãos). Esse processo é conhecido como imagética motora implícita. Objetivo: Neste estudo,
nós investigamos se a atividade cortical e medidas comportamentais relacionadas às tarefas
citadas são moduladas em função das fases menstrual (baixos níveis hormonais), folicular (altos
níveis de estrógeno) e lútea (altos níveis de progesterona) do ciclo menstrual de 31 mulheres
destras. Métodos: Essas investigações deram origem a dois artigos. No artigo 1, foi investigado
a amplitude de P100 e de RNN da região parieto-occipital, assim como o desempenho no teste
aferido pela acurácia e tempo de resposta, durante a prática do HLJT nas três fases do ciclo. Foi
realizada a análise de equações de estimativas generalizadas (generalized estimating equation
- GEE) para comparar as fases do ciclo em relação a amplitude de P100 e de RNN, a acurácia
e o tempo de reação no teste, considerando as possíveis interações entre as fases do ciclo
menstrual e as características do estímulo. No segundo artigo, a atividade espectral do ritmo mu
na região sensoriomotora (C3 e C4) e das bandas alfa e beta nas demais regiões corticais foram
registradas nas três fases do ciclo durante a prática da MI e AO do membro superior direito.
Foram realizadas comparações entre as fases do ciclo menstrual para as variáveis citadas
utilizando um teste de Friedman. Foram considerados significativo os resultados com p < 0,05.
Resultados e conclusões: A análise comportamental (acurácia e tempo de reação) do artigo 1 indicou melhor desempenho no HLJT durante as fases folicular e lútea quando comparadas à
fase menstrual. Esse resultado contraria estudos que demonstram redução na habilidade de
manipulação espacial de objetos associado aos ESF e sugere que o efeito dos mesmos sobre
componentes cognitivos motores, possivelmente ausentes nos testes de manipulação espacial,
é capaz de favorecer o desempenho no TRLM. No artigo 2, foi possível observar a
dessincronização relacionada ao evento (event-related desynchronization - ERD) de beta-mu
sobre a região sensoriomotora esquerda (área de representação da mão direita) e ERD de beta
sobre as regiões frontal bilateral durante a prática do IM foi significativamente maior na fase
folicular quando comparada com as fases menstrual e lútea, sugerindo o efeito dos estrógenos
sobre áreas de controle do processamento cognitivo motor. Nenhuma diferença entre as fases
do ciclo menstrual foi observada sobre o ritmo alfa-mu durante a prática de OA, nem sobre a
componente alfa durante a IM. No entanto, foi observado correlação positiva entre a amplitude
de alfa e beta em várias regiões cerebrais durante a prática da OA e os níveis de estradiol na
fase folicular. Esses achados devem ser considerados ao utilizar as práticas de IM e OA durante
o treino de atletas e reabilitação neurofuncional de mulheres. Assim como devem servir como
base para estudos futuros que investiguem o efeito dos ESF sobre processamento e
aprendizagem motora. 2023-10-04