ABSTRACT Background: The Choloepus didactylus is characterized by having 2 fingers on the forelimbs and 3 on the hind limbs, being found more frequently in northern South America, in countries such as Venezuela, Guyana, Ecuador, Peru, and Brazil. In Brazil, deforestation of the Atlantic Forest has negatively affected the survival of C. didactylus. In addition, these animals can be affected by several conditions, being those of the musculoskeletal system with limited reports. Thus, the present report aimed to describe the treatment and evolution of an open fracture of the femur in a free-living Choloepus didactylus, which after rehabilitation was released back to the wild. Case: A free-living female two-toed sloth (Choloepus didactylus), weighing 7.0 kg, was found in Manaus city and referred to the Wild Animal Screening Center (CETAS - IBAMA-AM) located in Amazonas, Brazil, after initial treatment and osteosynthesis in a private clinic (CVMinasPet). According to history, the animal had suffered electrocution 30 days ago and, as a result, had an extensive wound that resulted in the exposure of the knee joint, distal fracture of the femur, and areas of necrosis in the right pelvic limb. After cleansing of the area and removal of necrotic tissues, the fracture was stabilized with the cross-pinning technique (two Steinmann pins). Then, the stifle joint was stabilized with external skeletal fixation (Type 1b, unilateral biplanar). The external fixator and cross-pins were removed 4 months after the surgical procedure, being observed bone healing. Next, the animal underwent physical rehabilitation for 30 days. After the rehabilitation period, a microchip and a radio collar were applied, and the sloth was released back to the wild. Discussion: Electrocution has been one of the causes of wildlife rescue, with consequences varying depending on the degree of the burn. Generally, the burn is most severe at the entry and exit sites. Since suspensory quadrupedal locomotion requires that sloths have specialized hands and feet to connect with the supports, probably the animal of the current report touched the right pelvic limb on a high-tension pole. The cross-pinning technique combined with the external fixator was used because the animal had an exposed Salter-Harris type I fracture with soft tissue loss. The younger the animal presents physeal fractures, the greater is the chance of developing growth abnormalities due to growth plate closure caused by fracture type or immobilization method. Since the sloth was a free-living animal, the age was unknown.  However, pelvic limb length discrepancy was not observed after removing the implants. Culture and antimicrobial susceptibility test were not done and may be considered a limitation of this report. However, the application of ceftriaxone was adequate to control the infection, since the animal did not show signs of infection or draining sinus tracts. Ceftriaxone is a third-generation antibiotic that can be used in chronic osteomyelitis. In addition, the animal in the present report showed good adaptation to captive conditions that contributed to the clinical management. The longevity of the sloth in captivity can reach more than 31 years, but the goal is always to return the animal to nature after the treatment. Surgical treatment of the fracture and physical therapy after implant removal allowed this action in the current report, confirmed by monitoring with the radio collar. Keywords: sloths, electrocution, radiography, wildlife, fracture. Título: Fratura exposta do fêmur em preguiça-real (Choloepus didactylus) - tratamento e reabilitação Descritores: preguiças, eletrocussão, radiografia, vida selvagem, fratura.                      ABSTRACT Introdução: As fraturas são condições ortopédicas que podem resultar de traumas ocasionados por interações negativas entre animais selvagens ou por interações humanas, como atropelamento ou eletrocutação. A osteossíntese é um método cirúrgico para o tratamento de fraturas do corpo do ílio ou do fêmur cuja relevância está diretamente ligada à importância funcional do osso. A preguiça-real (Choloepus didactylus) apresenta hábitos solitários e arborícolas, e enfrenta como principais ameaças a perda de habitat por desmatamento e fragmentação, resultando em casos de indivíduos atropelados ou eletrocutados em sua área de distribuição. A fim de utilizar técnicas cirúrgicas mais acessíveis, este trabalho teve como objetivo relatar o tratamento cirúrgico no fêmur de um espécime selvagem de Choloepus didactylus que foi vítima de eletrocussão. Caso: Uma preguiça fêmea (Choloepus didactylus), com aproximadamente 5 anos e 7 kg, foi levada ao Centro de Triagem de Animais Silvestres de Manaus, Amazonas, devido a um histórico de eletrocussão em via pública. O indivíduo foi sedado para avaliação clínica e radiográfica onde foi diagnosticada fratura exposta simples Salter Harris tipo I. Para realização de exames clínicos e complementares foi realizada contenção química; os parâmetros vitais não apresentaram alterações significativas. O animal foi submetido a procedimento cirúrgico para transecção do ligamento cruzado cranial do joelho direito; após a fixação do fêmur, a fratura obteve bom alinhamento com fixação do pino intramedular, complementado por tratamento intensivo de assepsia diária, antibioticoterapia local e sistêmica. Em seguida, aos 120 dias após a cirurgia, o animal foi reavaliado, microchipado e devolvido à natureza com monitoramento por rádio-colar. Discussão: A técnica de osteossíntese associada a pino intramedular com fixadores externos mostrou-se eficiente para tratamento e reabilitação adequados em Choloepus didactylus, sendo uma ótima opção cirúrgica com prognóstico favorável, proporcionando assim ao animal uma adequada qualidade de vida com retorno da pelve função do membro. Apresentou eficácia porque o suprimento vascular e as conexões dos tecidos moles aos fragmentos ósseos foram preservados, acelerando a formação do calo ósseo; portanto, o procedimento permitiu que a fratura fosse reduzida anatomicamente e estabilizada rigidamente, reduzindo assim a chance de osteoartrite progressiva. O caso não apresentou complicações em relação ao estreitamento do canal pélvico ou preservação do suprimento sanguíneo ósseo. No entanto, não foram encontrados estudos ortopédicos de Choloepus didactylus que permitissem a comparação do quadro clínico. Trabalhos com reabilitação e soltura, após intervenções cirúrgicas, ainda são raros quando comparados ao número de animais resgatados levados para instituições competentes. Portanto, os protocolos adotados para o manejo e manutenção dessas espécies devem apresentar diretrizes que, se seguidas, possam facilitar seu manejo, reabilitação e soltura, contribuindo para sua conservação. Assim, a soltura da preguiça na natureza caracterizou o procedimento cirúrgico associado ao manejo e cuidados de reabilitação como satisfatório para a espécie.   Palavras-chave: preguiças, eletrocussão, radiografia, fauna, fratura.