Tesis
Anatomia dos órgãos vegetativos de Genipa americana L. e Guazuma ulmifolia Lam. ocorrentes em áreas alagáveis da Amazônia e em solos bem drenados do Cerrado.
Fecha
2020-07-07Registro en:
PIRES, Hérica Ribeiro de Almeida. Anatomia dos órgãos vegetativos de Genipa americana L. e Guazuma ulmifolia Lam. ocorrentes em áreas alagáveis da Amazônia e em solos bem drenados do Cerrado. 2020. 113 f., il. Tese (Doutorado em Botânica)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Pires, Hérica Ribeiro de Almeida
Institución
Resumen
Amazônia e Cerrado são os maiores biomas brasileiros e possuem regimes hídricos
contrastantes. Na Amazônia chamam atenção as florestas alagáveis periodicamente, enquanto
no Cerrado há uma sazonalidade hídrica marcada por seis meses de seca (solos bem drenados),
sendo que estes estresses ambientais requerem das plantas mecanismos adaptativos que
assegurem sua sobrevivência. Embora as diferenças nos regimes hídricos sejam marcantes,
existem espécies como Genipa americana L. (Jenipapo) e Guazuma ulmifolia Lam. (Mutamba)
que colonizam ambos os ecossistemas. Este estudo teve como objetivo descrever, avaliar e
comparar a anatomia dos órgãos vegetativos de plantas jovens das duas espécies, cujas
populações ocorrem em áreas alagáveis da Amazônia e em solos bem drenados do Cerrado,
bem como as suas respostas anatômicas quando submetidas ao alagamento parcial e total.
Plantas com uma média de 90 dias de germinadas foram submetidas aos tratamentos: controle
(irrigadas diariamente), alagamento parcial (2cm de água acima do substrato) e alagamento total
(submersão) por um período de 30 dias. Foram utilizadas 60 plantas de cada espécie e origem,
sendo 20 por tratamento. Após o período de experimento de alagamento, foram coletados cinco
espécimes por tratamento para análises anatômicas. As amostras foram utilizadas para análises
qualitativas e quantitativas, e os resultados obtidos submetidos a análise de variância (ANOVA)
e as médias comparadas pelo teste de Tukey com 5% de significância. Em G. americana os
resultados mostraram que a maior parte dos caracteres anatômicos observados na raiz e no
caule são semelhantes entre as origens, bem como suas respostas ao alagamento. Porém,
diferem em caracteres que afetam a condutividade hídrica como, no diâmetro, densidade e
agrupamento de vasos no caule. Além de diferenças nos diâmetros (córtex e cilindro central) da
raiz, que se apresentaram maiores nas plantas do Cerrado. Os atributos morfoanatômicos que
garantem a alta tolerância da espécie ao alagamento são presença de: pelos absorventes,
exoderme, aerênquimas e lenticelas hipertrofiadas, reserva de amido e redução de tecidos
visando economia de energia durante o período alagado. Parte destas características mitigam
tanto o efeito negativo causado pela restrição hídrica, quanto pelo alagamento. Nas folhas as
diferenças mais relevantes entre a origem das plantas foram no aumento da espessura do
parênquima esponjoso e do mesofilo como um todo e no tamanho dos estômatos nas plantas do
Cerrado e a diminuição da nervura central nas plantas do Cerrado, quando comparadas às da
Amazônia. Considerando os diferentes níveis de alagamento ocorreram alterações na espessura
do mesofilo, da lâmina foliar, dos parênquimas, da epiderme abaxial, na densidade estomática,
no tamanho dos estômatos e da nervura central. Nas plantas da Amazônia estas alterações
foram mais expressivas nas plantas submetidas ao alagamento parcial, enquanto nas plantas do
Cerrado ambos os níveis de alagamento desencadearam tais alterações. Em Guazuma ulmifolia
as diferenças mais relevantes foram observadas entre as plantas do Cerrado que possuem fibras
de paredes celulares mais espessas, maior densidade e diâmetro de vasos e largura de raio no
caule, além de estruturas secretoras mais evidentes no córtex em relação às da Amazônia. O
alagamento parcial induziu no caule independentemente da origem a formação de lenticelas e
raízes adventícias, além de aerênquima secundário nas plantas do Cerrado. Na raiz, o
alagamento (parcial e total) afetou o diâmetro total da raiz, do cilindro central e do córtex; e em
ambos os ambientes foram observados aerênquima do tipo constitutivo. O órgão mais afetado
foi o caule, sendo que nas plantas submetidas ao alagamento total foram mais evidentes.
Sugere-se portanto que as pressões ambientais a que as populações destas espécies estão
submetidas em seus ecossistemas de origem quanto o estresse causado pelos diferentes níveis
de alagamento modulam as respostas anatômicas. Os resultados obtidos neste estudo
contribuem com banco de dados científicos da tolerância de plantas ao alagamento, bem como
poderá subsidiar projetos de recuperação de áreas degradadas.