Tesis
Frequência do diabetes mellitus tipo 2 entre portadores de neoplasias malignas e sua associação com fatores prognósticos
Fecha
2019-04-25Registro en:
IQUIZE CONDORI, Roxana Claudia. Frequência do diabetes mellitus tipo 2 entre portadores de neoplasias malignas e sua associação com fatores prognósticos. 2018. 128 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Autor
Iquize Condori, Roxana Claudia
Institución
Resumen
Introdução: O diabetes mellitus do tipo 2 (DM2) representa grave problema de saúde mundial e está associado ao desenvolvimento de complicações vasculares agudas e crônicas. Dados de estudos observacionais indicam que o DM2 está associado a aumento do risco de desenvolvimento de muitas formas de câncer e também de mortalidade por câncer. Estudos pré-clínicos sugerem relação de causalidade entre as duas condições e os possíveis mecanismos biológicos envolvidos. Considerando esta associação, o objetivo do presente estudo foi descrever a frequência de DM2 e outras alterações metabólicas entre portadores de neoplasias malignas no Distrito Federal. Métodos: Estudo descritivo e transversal, conduzido entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016, em que foram incluídos, por conveniência, portadores de neoplasias malignas acompanhados no Centro de Atenção ao Paciente Oncológico do Hospital Universitário de Brasília e no Setor de Oncologia do Hospital de Base do Distrito Federal. Foram excluídos pacientes hospitalizados com doenças psiquiátricas. Foram investigadas, por entrevista e consulta ao prontuário, características demográficas, relacionadas aos hábitos de vida, clínicas, relacionadas à doença oncológica, antropométricas e bioquímicas. Os resultados foram apresentados como frequência ou medidas de tendência central e dispersão, de acordo com a variável. A relação entre a presença do DM2 e o estadiamento do câncer foi analisada pelo teste do qui quadrado ou teste exato de Fisher, sendo considerado significativo valor p inferior a 0,05. Resultados e discussão: Foram incluídos 624 sujeitos, em sua maioria mulheres (70%), com média de idade de cerca de 60 anos, não tabagistas, não etilistas e sedentários. O sítio primário mais comum do câncer foi a mama (37,8%). A maioria dos pacientes, independentemente do sítio primário, apresentava estadiamento II (44,5%, sistema TNM) e o tipo de tratamento mais frequente foi a cirurgia (85,6%), seguido de quimioterapia (78,4%) e radioterapia (55,5%). A frequência geral de DM2 foi de 18,3%, superior à da população brasileira, e, considerando o sítio primário do câncer, foi mais elevada entre pacientes com câncer colorretal (24,6%), próstata (21,2%) e mama (20,3%). A frequência de sobrepeso foi de 37%, a de obesidade foi de 21% e a de obesidade abdominal, de 53,2% nos homens e 89,3% nas mulheres. A frequência de síndrome metabólica também foi elevada (41,5%), sobretudo entre sujeitos com câncer de mama (66,1%), colorretal (72,5%), colo de útero (72,7%) e cabeça e pescoço (65,6%). A elevação da glicemia de jejum foi observada em mais da metade dos sujeitos (58,4%); aumento da hemoglobina glicada, concentração sérica do LDL ou triglicerídeos foi menos frequente. Não houve associação entre a presença de DM2 e o estadiamento do câncer de mama, quando os desfechos considerados foram cada um dos possíveis estadiamentos (I, II, III ou IV). Houve tendência de associação entre a presença de DM2 e estadiamentos III ou IV em pacientes com câncer de mama (razão de chances de 1,65), embora não significativa. Conclusão: Foi observada frequência de DM2, entre portadores de neoplasias malignas, superior à prevalência descrita na população geral brasileira, o que pode sugerir a associação entre as duas doenças. Não houve, contudo, associação entre a presença do DM2 e o prognóstico. Foi observada, ainda, elevada prevalência de obesidade abdominal e síndrome metabólica. Esses dados sugerem, assim, que essas condições, que representam fatores de risco para doença cardiovascular, devam ser abordadas no seguimento destes pacientes.