Tesis
Arte digital e seus modos de circulação, processos de valoração e possibilidades de memória
Fecha
2022-05-02Registro en:
CORDEIRO, Renato Medeiros. Arte digital e seus modos de circulação, processos de valoração e possibilidades de memória. 2021. 156 f., il. Tese (Doutorado em Artes Visuais) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Cordeiro, Renato Medeiros
Institución
Resumen
Neste trabalho, abre-se uma discussão sobre a necessidade de se pensar modos alternativos de
circulação e memória para expressões artísticas preferencialmente produzidas, armazenadas,
apresentadas e difundidas em formato digital, por meio de sua circulação em rede via internet.
O objetivo é motivar o interesse público em fortalecer a presença ativa dessas expressões
artísticas na herança cultural legada às futuras gerações. A instabilidade de conteúdos
disponibilizados na internet tem sido um problema que cresce com o passar dos anos, apesar da
capacidade de processamento e arquivamento de dados. Muito do que a cultura digital produziu
em quase 30 anos de difusão da internet comercial já se perdeu. Essa questão também alcança
a arte, desafiando as práticas usuais de conservação e restauro adotadas por instituições de
memória, como museus, arquivos e bibliotecas. O texto está dividido em duas partes. A primeira
diz respeito aos intercâmbios possíveis entre o campo da arte contemporânea e as poéticas
tecnológicas, admitindo a porosidade e as fronteiras difusas de seus espaços de atuação; a
segunda parte aponta para possibilidades acerca do entendimento da arte digital após o anúncio
de pandemia de COVID-19 e seus primeiros efeitos imediatos no campo da arte contemporânea,
apresentando ainda como estudo de caso a produção da exposição online Ilha. A partir da
definição e apreciação de quatro perfis que se tornaram recorrentes no cenário pandêmico,
observa-se a expansão de novos arranjos de circulação e acesso de expressões artísticas na
internet, incluindo aí criações nativas digitais ou não. Observa-se também a adesão a outros
modelos de negócios em arte e de financiamento de projetos artísticos. Para testar essas práticas
amplamente disseminadas durante a pandemia, criou-se ainda uma proposta expositiva que se
aproximasse de uma experiência cotidiana de acesso às redes sociais, explorando os modos de
uso habituais do Instagram. A partir da digitalização de trabalhos artísticos produzidos em
técnica mista sobre papel, buscou-se estabelecer uma via de mão dupla entre o digital e o não
digital, para verificar as possibilidades de oferecer ao público formas de aproximação e modos
de acesso capazes de proporcionar uma experiência mediada que se afastasse da reprodução
digital de um espaço expositivo físico. Por fim, admite-se que a memória da arte digital pode
estar menos relacionada à preservação de seus componentes materiais e diretamente ligada à
manutenção de seu potencial de adaptação, variação e pervasividade, capaz de manter o
discurso poético vivo independentemente de seu meio ou suporte material.