Tesis
Crítica da razão hídrica : multiplicando perspectivas e construindo futuros em Bacias Hidrográficas em crise no Distrito Federal
Fecha
2021-03-26Registro en:
AGUSTINHO, Denise Paiva. Crítica da razão hídrica: multiplicando perspectivas e construindo futuros em Bacias Hidrográficas em crise no Distrito Federal. 2020. 377 f, il. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Agustinho, Denise Paiva
Institución
Resumen
O Distrito Federal sofreu com uma crise hídrica sem precedentes na sua história, no
período de 2016 a 2018. Tendo esse fato histórico como ponto de partida para uma
reflexão acerca de uma crise ainda mais profunda, é explorada ideia de uma crise da
razão que se propõe governar a água, de uma razão unívoca. Inspirada pelos discursos
da decolonialidade e Ecologia Política é apresentada uma Crítica da Razão Hídrica, pela
qual se questiona a racionalização instrumental e economicista, que cria uma dimensão
apartada do resto da vida denominada Recursos Hídricos. Abandonando a tradição
fundamentada na teoria da ação racional, a matriz filosófica em revisão sugere a
construção de outros modos de pensar a água, que pretende superar uma visão
dicotômica entre natureza e sociedade. Essa matriz é fornecida pela Filosofia do
Processo ou Cosmologia do pensamento Organísmico, a partir das contribuições
filosóficas de Henri Bergson e de Alfred N. Whitehead. Em contraste com a ideia de ação
racional, é proposto o conceito de ação criativa no seio dessa tradição filosófica,
reivindicada como fundamento para novas abordagens em economia, governança e
política. Desde a crítica das ideias de gestão e do uso racional de água, é pressuposto
que a racionalidade por vir que busca governar os fluxos da água deve ser múltipla.
Assim, o esforço empírico desta tese consiste justamente em compreender a
multiplicidade de formas de arrazoamento com respeito a água e seu futuro. Por meio
do Método Q, foram, então, identificadas quatro perspectivas na gestão da água,
rotuladas como: (i) Água e Terra, (ii) Mea Culpa, (iii) Água Padrão e (iv) Precaução. Para
essa metodologia foram entrevistados, na primeira e na segunda rodadas de entrevistas,
respectivamente, 26 e 27 atores relevantes para a gestão de recursos hídricos do DF.
São constatadas convergências, divergências e eventualmente conflitos entre as
distintas perspectivas, mais ou menos convencionais nas práticas da gestão atualmente,
e é discutido como essas perspectivas refletem novas práticas na gestão. Com vistas a
ampliação das perspectivas sobre a razão hídrica, um segundo esforço empírico é
desenvolvido com a metodologia experimental e especulativa Políticas da Natureza, que
contou com a participação de 26 gestores e pesquisadores. Os novos modos de pensar
a água em seus devires propõem uma maior sensibilização com respeito à integralidade
ecossistêmica nos processos de gestão e de aprendizagem, com rebatimento na
Educação Ambiental, pela qual busca dar sentido à inerência natureza-sociedade e a
ideia de natureza como sujeito de direito, esta última possível de operacionalização com
conceitos como Vazão Ecológica e Capacidade de Suporte dos territórios.