Tesis
Efeitos a longo prazo da administração endovenosa de nanopartículas magnéticas à base de maghemita funcionalizadas com DMSA mediante análises hematológicas, imaginológica e histológica
Fecha
2019-10-31Registro en:
MARANGON, Aline Ramos Marques. Efeitos a longo prazo da administração endovenosa de nanopartículas magnéticas à base de maghemita funcionalizadas com DMSA mediante análises hematológicas, imaginológica e histológica. 2019. viii, 77 f., il. Dissertação (Mestrado em Nanociência e Nanobiotecnologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Marangon, Aline Ramos Marques
Institución
Resumen
Materiais nanoestruturados têm sido amplamente estudados, especialmente em relação à sua potencial aplicação como agentes de liberação de fármacos e terapias contra o câncer. As nanopartículas de maghemita revestidas com DMSA (FM – DMSA) foram estudadas anteriormente quanto à sua biocompatibilidade e toxicidade, in vitro e in vivo, mas os estudos avaliam apenas os efeitos a curto prazo (30 a 90 dias). Este trabalho teve o objetivo de estudar os efeitos a longo prazo de nanopartículas de maghemita revestidas com DMSA por meio de análises hematológicas, de imagem e histológicas. O experimento consistiu na injeção intravenosa de um fluido magnético composto de nanopartículas de maghemita funcionalizadas com DMSA. Ratas Wistar fêmeas (N = 15) foram divididas em três grupos compostos por 5 animais cada: controle (receberam 100 μL de solução salina), T0,5 (receberam 100 μL de fluido magnético a 0,5 mg Fe / Kg) e T5 (receberam 100 μL de fluido magnético a 5 mg Fe / Kg) e este foi considerado dia zero (D0). Os animais foram submetidos a avaliações hematológicas (hematócrito e bioquímicos) mensais e ultrassonográficas (Mindray Z5Vet com sonda microconvexa 10Mz) nos dias 120, 180, 210, 240, 270 e 300 após o tratamento, completando 10 meses de acompanhamento e terminando este período com eutanásia e coleta de órgãos para histopatologia. Os órgãos avaliados pela ultrassonografia foram rins e baço (ecogenicidade, volume e índice de resistividade vascular pelo Doppler), fígado e pulmão (ecogenicidade do parênquima). À interpretação dos valores hematológicos não foi observada nenhuma variação significante que pudesse ser correlacionada com a administração da FM – DMSA. Nas ultrassonografias, foram visualizadas, em animais tratados, alterações renais compatíveis com dilatação da pelve renal (hidronefrose). Aos 4 meses, apenas um animal do grupo T 0,5, apresentou essa alteração que se repetiu aos 6, 7 e 9 meses. Aos 6 meses, o animal 1 deste mesmo grupo apresentou tal alteração, que foi vista novamente aos 9 meses. Ainda no grupo T 0,5, dois outros apresentaram hidronefrose aos 7, 8 e 10 meses. Quanto ao grupo T5, todos os animais, em algum momento do experimento, apresentaram hidronefrose. A alteração foi mais consistente aos 10 meses quando quatro dos cinco animais apresentaram hidronefrose. As demais alterações foram observadas de forma isolada, sendo assim: T5 – 1 aos 7 meses, T5-2 e 3 aos 10 meses, T5-4 aos 8 e 10 meses. O animal 5 foi o que apresentou mais vezes: aos 8, 9 e 10 meses. No grupo controle, apenas um animal apresentou hidronefrose no 8º mês, achado que não foi mais observado nos meses subsequentes. Na análise histopatológica, a dilatação pélvica também foi observada nos animais 4 e 5 do grupo T0,5 e nos animais 1, 2, 3 e 5 do grupo T5, mas nenhum dano ao parênquima renal foi observado. Os demais órgãos não apresentaram alterações sugestivas de lesão tecidual na análise ultrassonográfica, no entanto, os pulmões dos animais dos grupos tratados apresentaram espessamento de septo alveolar. Em conclusão, com base nas avaliações realizadas, a administração endovenosa de nanopartículas de maghemita funcionalizadas com DMSA nas concentrações testadas é segura e não causa dano tecidual no fígado e baço por até 300 dias. Os achados renais não são consistentes com danos graves ao órgão, especialmente porque não há envolvimento do parênquima renal. Os danos observados em parênquima pulmonar precisam ser mais estudados.